ABC | Volume 111, Nº4, Outubro 2018

Carta ao Editor Rodrigues & Quarto Índice de massa corporal pode influenciar a variabilidade da frequência cardíaca Arq Bras Cardiol. 2018; 111(4):640-641 1. Ryan SM, Goldberger AL, Pincus SM, Mietus J, Lipsitz LA. Gender- and age- related differences in heart rate dynamics: are women more complex than men? J Am Coll Cardiol. 1994;24(7):1700-7. 2. Carvalho LP, Di Thommazo-Luporini L, Mendes RG, Cabiddu R, Ricci PA, Basso-Vanelli RP, et al. Metabolic syndrome impact on cardiac autonomic modulation and exercise capacity in obese adults. Auton Neurosci. 2018 Sep;213:43-50. 3. Barutcu I, Esen AM, Kaya D, Turkmen M, Karakaya O, Melek M, et al. Cigarette smoking and heart rate variability: dynamic influence of parasympathetic and sympathetic maneuvers. Ann Noninvasive Electrocardiol. 2005;10(3):324-9. 4. Young LH, Wackers FJT, Chyun DA, Davey JA, Barrett EJ, Taillefer R, et al. Cardiac outcomes after screening for asymptomatic coronary artery disease in patients with type 2 diabetes. JAMA . 2009;301(15):1547-55. 5. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad; 2017. 383p. 6. Lutfi MF, SukkarMY. The effect of gender on heart rate variability in asthmatic and normal healthy adults. Int J Health Sci (Qassim). 2011;5(2):146-54. Referências A primeira questão foi claramente reconhecida em nosso trabalho. Como a dinâmica da variabilidade cardíaca difere entre os gêneros, com maior atividade parassimpática e complexidade geral para as mulheres, a distribuição de gênero deve ser considerada quando se investiga a dinâmica da frequência cardíaca. 1 Entretanto, emnosso estudo, a distribuição por sexo não é significativamente diferente para os grupos investigados (Diabetes Mellitus (DM) e DM + Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), p = 0,464). Em relação à resistência à insulina, concordamos com os comentários dos autores sobre as diferenças que possivelmente influenciam os índices de VFC. No entanto, acreditamos que a diferença encontrada entre os grupos poderia ser atribuída a diferentes pesos e IMC. Nós gentilmente convidamos os autores a lerem um estudo recente do nosso grupo, demonstrando que a obesidade per se prejudica as respostas aeróbico-hemodinâmicas ao exercício, mas que a síndromemetabólica (obesidade, DMe hipertensão) emadultos jovens afeta negativamente a VFC, atividade parassimpática. e a complexidade da VFC, corroborando nossos achados. 2 No presente estudo, foram observadas diferenças entre os grupos para IMC e peso, sendo os pacientes do grupo DM com excesso de peso e os pacientes do grupo DM + Hipertensão apresentando obesidade grau 1; no entanto, gostaríamos de enfatizar que, após ajustes de idade, sexo e IMC, concluímos que essas variáveis não influenciaram nossos resultados. Quanto à segunda questão, os fumantes atuais foram excluídos de nosso estudo, pois evidências prévias mostraram que o tabagismo representa um grande risco cardiovascular e leva ao comprometimento da VFC. 3 Embora não tenha sido detalhada na seção de critérios de exclusão, a Tabela 1 mostra claramente que nenhum dos participantes era fumante. Quanto à dislipidemia, concordamos com os autores que ela pode influenciar a VFC; entretanto, após ajustes para essa variável, concluímos que a dislipidemia não influenciou significativamente nossos resultados (p = 1,000). A última questão está relacionada à falta de investigação consistente sobre cardiomiopatia isquêmica e não isquêmica no presente estudo. Os autores criticaram que uma simples avaliação clínica pode não ser suficiente para determinar a presença de condições isquêmicas; entretanto, a investigação clínica pode indicar a necessidade de novos exames com o objetivo de detectar cardiopatia isquêmica e não isquêmica. Além disso, a ausência de sinais isquêmicos induzidos pelo esforço foi evidente durante o teste cardiopulmonar. Embora isso não tenha sido claramente indicada no texto, enfatizamos que todos os participantes foram submetidos a uma avaliação clínica completa, consistindo em exame físico, eletrocardiograma de repouso e exercício incremental máximo. Convidamos os autores a lerem um estudo relevante sobre procedimentos de triagem para esse tipo de paciente. 4 Nossos pacientes não apresentavam sinais ou sintomas de suspeita de doença isquêmica, nem em repouso, nem durante o esforço. Assim, de acordo com as diretrizes mais recentes para investigação de pacientes isquêmicos com DM, 5 nenhum exame adicional foi necessário por meio de ecocardiografia ou outros exames para investigar a presença de disfunção miocárdica. Por fim, é bem conhecido que a hipertensão per se afeta negativamente a VFC; 6 no entanto, nenhum estudo anterior investigou índices de VFC lineares e não-lineares na coexistência de DM + HAS. Assim, acreditamos que nosso artigo fornece uma contribuição relevante para o entendimento das alterações da VFC em condições patológicas. Considerando-se o fato da VFC ser altamente influenciada por uma série de variáveis, incluindo características demográficas e antropométricas, a presença de obesidade, comorbidades associadas e fatores de risco cardiovasculares, estudos futuros e mais aprimorados são necessários para investigar a influência de variáveis específicas nos índices de VFC lineares e não lineares, a fim de confirmar as conclusões preliminares do nosso estudo. Daniela Bassi Ramona Cabiddu Audrey Borghi-Silva Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 641

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=