ABC | Volume 111, Nº4, Outubro 2018

Ponto de Vista Internacionalizar é Preciso, mas é o Bastante? Internationalization is Necessary, But is it Enough? Gláucia Maria Moraes de Oliveira, 1 Andrea De Lorenzo, 2 Fernanda Marciano Consolim Colombo, 3 Eduardo Back Sternick, 4 Andréa Araujo Brandão, 5 Sergio Emanuel Kaiser, 6 Alexandre Schaan de Quadros, 7 Renato Abdala Karam Kalil, 7 Christianne Brêtas Vieira Scaramello, 9 Francisco Rafael Martins Laurindo, 8 Ludhmila Abrahão Hajjar 8 Programa de Pós-Graduação em Cardiologia da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), 1 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), 2 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Programa de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), 3 São Paulo, SP – Brasil Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, 4 Belo Horizonte, MG – Brasil Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 5 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), 6 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Programa de Pós-Graduação do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia (IC/FUC), 7 Porto Alegre, RS – Brasil Programa de Pós-Graduação em Cardiologia da Universidade de São Paulo (USP), 8 São Paulo, SP – Brasil Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da Universidade Federal Fluminense (UFF), 9 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Correspondência: Gláucia Maria Moraes de Oliveira • Universidade Federal do Rio de Janeiro – R. Prof. Rodolpho P. Rocco, 255 – Prédio do HU 8º andar – sala 6, UFRJ. CEP 21941-913, Cidade Universitária, RJ – Brasil E-mail: glauciam@cardiol.br , glauciamoraesoliveira@gmail.com Artigo aceito em 22/09/2018, revisado em 25/09/2018, aceito em 25/09/2018 Palavras-chave Periódicos Científicos/internacionalização; Cooperação Internacional; Sistemas de Crédito e Avaliação de Pesquisadores; Fator de Impacto das Revistas; Bases de Dados Bibliográficos; Base de Dados de Citações DOI: 10.5935/abc.20180212 O século 21 tem sido marcado pela globalização, definida, dentre outras formas, como a integração da informação, comunicação e economia em escala planetária, com influência direta no ensino superior em seus diversos níveis. Assim, a internacionalização da pós-graduação pode ser vista como uma resposta à globalização, manifestando-se como programas e políticas, realizadas por instituições acadêmicas e governos, para aumentar o intercâmbio de estudantes e docentes e estimular o fortalecimento de parcerias em pesquisa, dentre outras ações. Na verdade, estas ações têm sido praticadas há muito tempo pelas universidades e centros de pesquisa, mas foram ampliadas significativamente, em particular no novo século. Diversos estudos 1-3 têm repetidamente mostrado que pesquisas colaborativas envolvendo autores de múltiplas instituições e/ou países têm impacto significativamente maior do que as pesquisas envolvendo apenas um grupo ou instituição. No Brasil, a internacionalização da pós‑graduação tem sido altamente valorizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), gerando intensos esforços por parte dos programas de pós‑graduação (PPG) no sentido de atingir as metas definidas. Numa pesquisa realizada com PPG de notas 6 ou 7, Ramos 1 observou que para tais PPG, a internacionalização engloba desde a mobilidade internacional, redes internacionais de colaboração, produtos acadêmicos (publicações internacionais), coautorias internacionais, apresentação de trabalhos em conferências e reuniões científicas internacionais, até o acesso a recursos sob forma de uso ou compartilhamento de infraestrutura de pesquisa e financiamento internacional. Nos PPG de nosso país as estratégias de internacionalização mais frequentes são a mobilidade internacional de docentes, pesquisadores e estudantes e a colaboração internacional em pesquisa, implementadas principalmente por meio de acordos de cooperação internacional. Todavia, a pesquisa detectou diferenças significativas entre as instituições na provisão de condições adequadas para a internacionalização, sendo a disponibilidade de recursos financeiros, a existência de marcos regulatórios, e o suporte organizacional, alguns dos requisitos considerados importantes para se atingir esse objetivo. 1 Assim, a necessidade de internacionalização, por conta das demandas da CAPES, tem levado a uma “corrida” institucional entre os PPG em busca de parceiros, com ou sem apoio governamental e muitas vezes de forma competitiva. As estratégias adotadas por cada instituição variam conforme seu “alcance” (baseado em contatos de professores e pesquisadores ou parcerias já anteriormente estabelecidas) e em função do nível de recursos e complexidade capazes de influenciar sua visibilidade internacional e competitividade. Esse “empreendedorismo acadêmico” 2 pode ser considerado positivo ou não, uma vez quemuitas vezes as instituições demaior renome já partem de um patamar mais elevado na competição por fundos, em detrimento de outros centros acadêmicos. A existência de políticas nacionais de apoio à internacionalização, incluindo a divulgação dos periódicos nacionais, é extremamente importante, a exemplo de países que investiram neste apoio de modo bem-sucedido. 3 O desafio em responder às demandas impostas pela CAPES requer um esforço conjunto dos PPG e sociedades médicas no sentido de viabilizar o acesso às oportunidades para todas as instituições acadêmicas e de permitir a disseminação pelos pares internacionais e nacionais da produção científica oriunda desses PPG. Nesse contexto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) vem realizando os “Encontros de Pós‑Graduação em Ciências Cardiovasculares” e em 2018, já está na quarta versão com o tema “Internacionalização das Pós-Graduações Brasileiras”. Neste encontro, o convidado internacional - professor Fausto J. Pinto, Diretor da Faculdade de Medicina da 626

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