ABC | Volume 111, Nº3, Setembro 2018

Diretrizes Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda Arq Bras Cardiol. 2018; 111(3):436-539 cardiopulmonares reconhecidos por meio da avaliação sistemática do fluxograma diagnóstico, para estabelecer a estratégia da abordagem terapeutica. Temos, como principais distúrbios a serem identificados e corrigidos, presença de situação clínica de risco imediatode vida; suporte respiratório; terapêutica para correção dos distúrbios clínicos e hemodinâmicos; tratamento dos fatores causais e desencadeantes; e tratamento de comorbidades descompensadas associadas. 2.1.1. Presença de situação clínica de risco imediatode vida O reconhecimento, na admissão ou durante as primeiras 24 horas, da presença das situações clínicas que coloquem o paciente em alto risco de vida, deve ser feito de forma rotineira, pois estabelece fluxogramas terapêuticos com protocolos associados a equipes assistenciais específicas conforme discutido nos itens 4 e 5 da IC Aguda. 2.1.2. Suporte respiratório A presença de congestão pulmonar, associada ou não à redução do débito cardíaco, ocasiona redução da função pulmonar e aumento do shunt intrapulmonar, com consequente hipoxemia e aumento do trabalho respiratório. Esta situação leva à acidose metabólica e à disfunção orgânica, bem como ao comprometimento da função cardíaca, por aumento da impedância arterial pulmonar ao ventrículo direito pela congestão e vasoconstrição pulmonar, e pela depressão da contração ventricular por hipóxia e acidose metabólica. O suporte respiratório tem como alvos estabelecer Saturação de Oxigênio (SatO 2 ) > 90% e redução do trabalho respiratório, tendo como opções a oxigenoterapia com cateter nasal ou máscara, o suporte ventilatório não invasivo com pressão positiva e o suporte ventilatório invasivo com pressão positiva. Oxigenoterapia está indicada em todos os pacientes com SatO 2 < 90%, com cateter nasal ou máscara, com oxigênio a 100% 3 a 5 L/minuto, sendo que, em pacientes com DPOC, o recomendado é 1 a 2 L/minuto, para evitar a indução de hipercarpnia. 618-620 Suporte ventilatório não invasivo com pressão positiva está indicado em todos os pacientes com SatO 2 < 90% com esforço respiratório, ou desconforto respiratório, que não apresentaram melhora com oxigenoterapia. Também está indicado nos pacientes com edema agudo de pulmão, com benefícios comprovados na redução de evolução para suporte ventilatório invasivo. Nos pacientes com edema agudo de pulmão associados com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), não há benefício comprovado para redução da mortalidade com o suporte invasivo. 621-624 Tabela 1.1 – Escala e risco ADHERE de mortalidade intra-hospitalar Perfil de risco BUN (mg/dL) PAS (mmHg) Mortalidade (%) Baixo ≤ 43 ≥ 115 2,14 Intermediário baixo ≤ 43 ≤ 115 5,49 Intermediário médio ≥ 43 ≥ 115 6,4 Intermediário alto ≥ 43 (Cr < 2,7) ≤ 115 12,28 Alto ≥ 43 (Cr ≥ 2,7) ≤ 115 21,9 BUN: blood urea nitrogen; PAS: pressão arterial sistólica; Cr: creatinina. Quadro 1.7 – Avaliação dos parâmetros clínicos-hemodinâmicos e laboratoriais nos pacientes Parâmetro Frequência da monitorização FC, FR, PA, ECG e oximetria (SatO 2 ) Medição contínua PNI A cada 15 minutos durante o ajuste de vasodilatadores venosos A cada 30 minutos de forma regular Balanço hídrico parcial A cada 6 horas Ureia, creatinina, sódio, potássio e magnésio A cada 6 a 12 horas, durante terapêutica intensa de descongestão Lactato venoso A cada 12 horas (caso alterado) A cada 24 horas Raio X de tórax A cada 24 horas ECG de 12 derivações A cada 24 horas Proteína C-reativa titulada e hemograma A cada 24 horas Troponina I A cada 24 horas (caso positiva) FC: frequência cardíaca; FR: frequência respiratória; PA: pressão arterial; ECG: eletrocardiograma; SatO 2 : saturação arterial de oxigênio; PNI: pressão não invasiva. 490

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