ABC | Volume 111, Nº2, Agosto 2018

Artigo Original Duarte et al Impacto do ferro na Síndrome Coronária Aguda Arq Bras Cardiol. 2018; 111(2):144-150 Ferritina_tercil Ferritina_tercil 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 Sobrevivência acumulada Sobrevivência acumulada morte_meses 1 2 3 1 2 3 0 2 4 6 8 10 12 IC_meses 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 p = 0,39 p = 0,62 0 5 10 15 20 Figura 3 – Curvas de sobrevivência de acordo com os tercis de ferritina. Alberto Dominguez-Rodriguez, evidenciou que níveis baixos de ferro podem estar associados a eventos cardiovasculares major (MACE) em doentes com SCA. 5 Nesta população de doentes comSCA, alterações dometabolismo do ferro estiveram associadas a uma maior ocorrência de eventos adversos. Níveis de ferro ≤ 40 mcg/dl apresentaram um impacto negativo em termos de mortalidade e IC intra-hospitalar, com significado estatístico, contudo os níveis de ferro sérico não constituíram fator de risco independente para a ocorrência de eventos cardiovasculares. Será a ferritina cito-protetora ou aterogénica ou, por outro lado, a sua deficiência preditora de eventos cardiovasculares major em doentes com SCA? Os resultados da literatura não são concordantes quanto ao papel da ferritina na aterosclerose. 3 Doentes com SCA e eventos cardiovasculares (MACE) apresentaram níveis baixos de ferritina versus doentes com SCA sem eventos adversos. 5 Na nossa população, em termos dos níveis de ferritina, os 1º e 3º tercis foramassociados à ocorrência demais eventos adversos, com significado estatístico em termos de IC intra‑hospitalar e morte a 1 ano. Um nível de ferritina sérico > 316 ng/ml, foi considerado preditor de risco independente para morte a 1 ano (OR ajustado de 14 IC 95% 2,6-75,9; p = 0,0023), o que contraria as conclusões de alguns estudos, como previamente mencionado. O nível sérico de ferritina não constituiu preditor de risco independente para insuficiência cardíaca. Limitações O presente estudo está sujeito às limitações associadas a todas análises retrospetivas, não aleatorizadas e efetuadas num único centro. Conclusão Nesta população de doentes com SCA, alterações do metabolismo do ferro estiveram associadas a uma maior ocorrência de eventos adversos. Níveis elevados de ferritina constituíram um preditor independente de mortalidade a longo prazo. Os níveis de ferro sérico não constituíram fator de risco independente para a ocorrência de eventos cardiovasculares. Estudos adicionais são necessários para esclarecer se os níveis de ferro sérico ou ferritina constituem um biomarcador de lesão vascular/prognóstico em doentes com SCA e estabelecer o “verdadeiro” papel do ferro e da ferritina neste tipo de doença cardiovascular. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Duarte T, Gonçalves S; obtenção de dados: Duarte T, Sá C, Rodrigues R, Marinheiro R, Fonseca M; Análise e interpretação dos dados, análise estatística e redação do manuscrito: Duarte T; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Gonçalves S, Seixo F, Caria R. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Não há vinculação deste estudo a programas de pós‑graduação. Aprovação ética e consentimento informado Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores. 149

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