ABC | Volume 111, Nº2, Agosto 2018

Artigo Original Sampaio et al Monitorização do ritmo, fibrilação atrial e acidente vascular cerebral Arq Bras Cardiol. 2018; 111(2):122-131 por artefatos nos controles do PoIP. As perdas de sinal com o sistema PoIP atingiram 6,8% em perdas com conexão e 11,4% em perdas na gravação do sinal no servidor (Tabela 2). Nas primeiras 24 horas observou-semaior tempo de gravação via Holter com o tempo médio de gravação efetiva pelo PoIP de 19,2 ± 3,4 horas e do Holter 23,5 ± 0,6 horas (p < 0,001). Os pacientes do grupo AVC/AIT iniciaram a monitorização por PoIP após 5,4 ± 2,7 dias do AVC/AIT em regime de internação hospitalar e apresentarammenor tempo de conexão (p = 0,02) e menor tempo de gravação via PoIP (Tabela 2). Arritmias observadas FA foi detectada em 1 paciente com o Holter e em 6 pacientes pelo PoIP no grupo AVC/AIT, e enquanto que somente um episódio de FA foi detectado no grupo controle pelo PoIP. Em relação às outras arritmias supraventriculares foram identificados via Holter mais casos de TA não sustentada e de TA ou ESSV frequentes em pacientes com 65 anos ou mais no grupo AVC/AIT (p-valores 0,04 e 0,04, respectivamente). A discriminação entre o diagnóstico de TA e FA não sustentada em 2 casos demandou revisão pelos examinadores RFS e EBS. Ressalta-se, no entanto, que esses pacientes que tiveram FA apresentaram também TA, e mesmo que tenha havido algum equívoco na interpretação de algum traçado, isso não impactaria no resultado em função da superposição dos dois diagnósticos nos mesmos pacientes. A partir da monitorização por PoIP, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos de análise em relação às taquicardias (Tabela 4), e todos os pacientes que tiveram FA apresentaram também TA. Na comparação dos achados das monitorizações via Holter e via PoIP (Tabela 5): foram observadas proporções maiores de TA via PoIP no grupo AVC/AIT (p = 0,004) e controles (p = 0,02), e proporções maiores de TA ou ESSV frequentes no grupo AVC/AIT (p = 0,01) e controles (p = 0,02) no tempo total de monitorização, mas sem diferença entre os grupos nas primeiras 24hs. Discussão No presente estudo, que incluiu 52 pacientes com mais de 59 anos, foi realizada monitorização prolongada do ritmo nos 26 pacientes com eventos cerebrovasculares agudos, iniciada em apenas 5 dias (média) após o evento. Os principais achados foramalta prevalência de hipertensão arterial e diabetes mellitus, algumas dificuldades relacionadas à conexão e gravação dos sinais transmitidos pelo PoIP, e umperfil semelhante de arritmias cardíacas detectadas entre os grupos estudados. As comorbidades mais comuns foram hipertensão arterial (84,6%) e diabetes mellitus (51,9%), com igual distribuição entre os grupos estudados. Esse era um resultado esperado, pois essas variáveis foram utilizadas no modelo do escore de propensão, e ambas comorbidades estão contempladas nos escores CHADS2 e CHA2DS2-VASc. Embora esses escores forneçamuma heurística simples para predizer o risco individual de AVC isquêmico, o risco assim calculado representa parte do risco total (concordância estatística de 0,5). Em outras palavras, nem todos pacientes com CHADS 2 igual a 0 ou 1 tem baixo risco e uma decisão clínica por não anticoagular um paciente, baseada apenas nesse escore, pode ser equivocada. O escore CHA 2 DS 2 -VASc ≥2 foi um avanço na direção de se obter maior especificidade, mas ainda subavalia risco. 15 Figura 2 – Fluxograma mostrando a composição da amostra selecionada. 96 pacientes 66 AVCs e 26 controles 2 óbitos antes da monitorização 4 AVCs internados no CTI 2 recusas a monitorização prolongada 58 AVCs + 26 controles Escore de Propensão Coorte com 52 pacientes 26 AVC 26 Grupo controle 125

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