ABC | Volume 111, Nº2, Agosto 2018

Artigo Original Sampaio et al Monitorização do ritmo, fibrilação atrial e acidente vascular cerebral Arq Bras Cardiol. 2018; 111(2):122-131 Procedimentos: A cada participante foi entregue um pacote de eletrodos e um folheto com desenho de um tórax, indicando as posições e cores dos eletrodos para a troca dos mesmos. Todas as análises dos registros eletrocardiográficos foram realizadas por um único pesquisador (RSF), cardiologista com experiência em eletrocardiografia ambulatorial e todos os traçados interpretados como FA ou TA foram revistos por um segundo pesquisador (EBS), eletrofisiologista cardíaco. Para análise do PoIP, o exame do paciente monitorizado foi acessado, via internet para verificar a ocorrência de FA/FLA a cada 12 horas ou sempre que o botão de eventos do monitor fosse acionado pelo paciente ou cuidador. A cada período de 24 horas, os dados transmitidos pelo PoIP eram exportados e revisados off-line e a análise quantitativa das arritmias registradas. Nessa análise consideramos: número de ESSV isoladas e em pares, número de taquicardias atriais não sustentadas (TA) acima de 3 complexos atriais prematuros consecutivos e com duração menor de 30 segundos, TA sustentada maior que 30 segundos e número de episódios de FA maiores e menores que 30 segundos. Análise estatística: As variáveis categóricas foram apresentadas como contagens e percentuais e as numéricas por média ± desvio-padrão (DP). A normalidade das variáveis foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. A associação entre variáveis categóricas foi avaliada via teste exato de Fisher ou teste qui-quadrado de independência. Para a comparação de dois grupos entre amostras independentes utilizou-se o teste deWilcoxonMann-Whitney ou t-Student, quando adequados. As análises foram realizadas no programa gratuito R versão 3.3.2 ao nível de 5% de confiança. A coorte inicial era composta de 58 pacientes com AVC/AIT agudo e 26 controles. Para selecionar pacientes com características semelhantes nos grupos de interesse foi utilizado o pareamento por escore de propensão (EP). Ummodelo logístico foi construído para estimar a probabilidade de pertencer ao grupo AVC/AIT, considerando as variáveis preditoras: sexo, idade e CHADS 2 corrigida pela subtração de dois pontos nos pacientes que tiveram AVC/AIT. O EP permitiu a seleção de 26 pacientes entre os AVC/AIT pareados com os controles pelas probabilidades obtidas no modelo logístico, de modo que a coorte de análise passou a ter 52 pacientes (26 AVC/AIT e 26 controles) (Figura 2). O poder da amostra para se testar a diferença encontrada entre os tempos de gravação no primeiro dia do Holter e do PoIP (23,7 ± 1 e 20 ± 3,2 h, respectivamente) foi superior a 80%. Resultados A amostra do estudo foi constituída por 52 pacientes, divididos igualmente entre os grupos AVC/AIT e controles (Figura 2). Pouco mais da metade dos pacientes era do sexo masculino (51,9%), a média de idade foi 70,7 ± 10,5 anos, sendo que 73,1%dos pacientes tinham65 anos oumais. Ovalor médio do IMC foi 25,5 ± 5,6 kg/m 2 , 21,2% dos pacientes eram fumantes e 19,2% etilistas. O escore CHADS 2 corrigido médio foi 1,8 ± 0,8, e para o CHA 2 DS 2 -VASc 3,3 ± 1,2. Em relação à comorbidades, as mais frequentes foram hipertensão arterial (84,6%) e diabetes mellitus (51,9%). Em relação aos controles, os pacientes com AVC apresentaram maiores proporções de tabagistas (p = 0,03), entre os pacientes com 65 anos ou mais (p = 0,04). Não houve diferença entre os grupos em relação às demais características (Tabela 1). Exames complementares Ecocardiograma : a única diferença estatística observada entre os grupos foram menores valores da fração de ejeção (p = 0,04) no grupo AVC/AIT, embora dentro da faixa de normalidade. Análises Clínicas : houve diferença estatística entre os grupos apenas em relação aos níveis de T4 livre (p = 0,03), maiores no grupo AVC/AIT, dentro da faixa da normalidade. Não houve diferença estatística entre os grupos em relação às demais características (Tabela 1). Análise da transmissão de dados O tempo médio de gravação em horas foi de 23,5 ± 0,6 horas via Holter e 148,8 ± 20,8 horas via PoIP, sem diferença estatística entre os grupos de análise, apesar da maior perda Figura 1 – Diagrama conceitual do PoIP - Como pode ser visualizado no diagrama acima, o PoIP trabalha com o conceito de transmissão em tempo real dos dados adquiridos do dispositivo pela tecnologia EDGE. A transmissão dos dados sem fio é realizada pelo protocolo padrão para acesso à internet em dispositivos móveis, em sua versão GPRS-EDGE – Generic Packet Radio Service, comumente chamada de 2,5G. Portal Poip Requisição Requisição WEB Transmissão e Conexão Protocolo de transferência de dados médicos Consulta de Dados Gravação de Dados Base de Dados Poip Dados 2G+GPRS (2.5G) 124

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=