ABC | Volume 111, Nº1, Julho 2018

Minieditorial Adropina e Irisina em Pacientes com Caquexia Cardíaca Adropin and Irisin in Patients with Cardiac Cachexia Alfredo José Mansur Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC FMUSP), São Paulo, SP – Brasil Minieditorial referente ao artigo: Adropina e Irisina em Pacientes com Caquexia Cardíaca Correspondência: Alfredo José Mansur • Unidade Clínica de Ambulatório Geral - Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44. CEP 05403-000, São Paulo, SP - Brasil E-mail -  ajmansur@incor.usp.br Palavras-chave Insuficiência Cardíaca; Adropina; Caquexia; Prognóstico; Perda de Peso. DOI: 10.5935/abc.20180121 Cardiologistas que atuam na prática clínica cuidam de pacientes com insuficiência cardíaca que perdem peso e não raramente culminam na condição denominada caquexia cardíaca. Por vezes, o diagnóstico diferencial comoutras doenças consumptivas pode levar a extensa investigação diagnóstica. O tema é de interesse na literatura médica há décadas 1 e sua importância permanece reconhecida no decorrer do tempo. 2-7 Médicos que tiveram a oportunidade de décadas de observação notaram nos portadores de insuficiência cardíaca por doenças valvares o ganho de peso depois de intervenções cirúrgicas bem-sucedidas que revertiam a insuficiência cardíaca. Em outras palavras, a reversão da insuficiência cardíaca manifestava-se também no ganho de peso. Observação clínica ambulatorial recente [Correia GF & Lima NNC, dados não publicados] em 36 pacientes no decorrer de meses verificou a variação do peso corpóreo com o tratamento medicamentoso atual incluindo os betabloqueadores (Figura 1). Diferentes mecanismos metabólicos podem ser mediadores dessa manifestação clínica. 8,9 Neste fascículo dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia , Kalkan et al., 10 acrescentam aos estudos na área o resultado da pesquisa de duas proteínas que atuam nos mecanismos de homeostase energética – a adropina 11 e a irisina. 12 Verificaram que a concentração das proteínas diferiu entre os 44 pacientes com caquexia (índice de massa corpórea 19,9; desvio-padrão 1,12) em relação aos 42 pacientes sem caquexia (índice de massa corpórea 29,2; desvio-padrão 4,25). Na regressão logística multivariada, a adropina permaneceu associada à caquexia, ainda que com uma baixa razão de risco. Entre as limitações do estudo de Kalkan et al., 10 podemos citar a etiologia não informada da insuficiência cardíaca, casuística pequena e ausência de dados de seguimento no longo prazo, de modo que os resultados apresentados são importantes, mas iniciais, exploratórios e podem ser desenvolvidos em estudos adicionais e contribuir para o entendimento dos mecanismos metabólicos da perda de peso em pacientes com insuficiência cardíaca. Figura 1 – Variação de peso corporal entre 2 observações. Variação do peso corpóreo (kg) Pacientes acompanhados 25 20 15 10 –10 –15 0 5 –5 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 48

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