ABC | Volume 111, Nº1, Julho 2018

Artigo Original Stevens et al Os custos das doenças cardíacas no Brasil Arq Bras Cardiol. 2018; 111(1):29-36 Tabela 2 – Custo financeiro das condições cardíacas no Brasil, 2015 (milhões de reais) Categoria IC IM FA HTN Total (não ajustado) Total (ajustado para comorbidades) ^ Custos do sistema de saúde 14.469 16.119 3.697 1.098 35.382 35.382 65% 72% 94% 14% 63% 63% Perda de produtividade 7.663 6.257 225 6.927 21.071 20.858 35% 28% 6% 86% 37% 37% Renda perdida por indivíduo * 3.528 4.540 156 2.063 10.287 10.196 16% 20% 4% 26% 18% 18% Renda perdida por negócio * 333 403 31 4.378 5.145 5.050 2% 2% 1% 55% 9% 9% Custo de oportunidade da assistência informal por família/amigos 2.404 196 2.600 2.596 11% 1% 5% 5% Receitas fiscais perdidas pelo governo ** 1.399 1.117 37 486 3.039 3.016 6% 5% 1% 6% 5% 5% Custo total 22.132 22.375 3.921 8.025 56.454 56.241 Resultados em milhões de reais. * : Resultado de absenteísmo, participação reduzida no emprego e mortalidade prematura. ** : Devido à redução da renda de indivíduos com doenças cardíacas e seus cuidadores. ^ : O total de comorbidades não chega ao total de condições individuais, pois uma pessoa pode ter mais de uma condição e a interação entre as condições causa a variação na estimativa total das quatro condições juntas. IC: insuficiência cardíaca; IM: infarto do miocárdio; FA: fibrilação atrial; HTN: hipertensão. • manutenção/monitoramento no centro de STE ou TM; e • unidades de assistência médica para lidar comeventos ou alertas, como consultas de clínicos gerais ou enfermeiros, ou consultas ambulatoriais em hospitais. As unidades de recursos que compõem o CP, o STE e a TM foram baseadas na literatura e seus custos foram obtidos no DATASUS, do departamento de informática do Ministério da Saúde brasileiro. Resultados Custo da enfermidade por insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, fibrilação atrial e hipertensão Estima-se que as quatro doenças cardíacas afetem aproximadamente 45,7 milhões de pessoas no Brasil, 32% da população adulta. b Após ajustar para comorbidades, estimou-se, de maneira conservativa, que as doenças cardíacas resultaram em um custo financeiro de R$ 56,2 bilhões (17,3 bilhões de dólares) em 2015 no Brasil. Desses, cerca de 62,9% devem-se a custo do sistema de saúde. Em 2015, a carga dessas quatro condições correspondeu a aproximadamente 5,5% do total nacional da despesa com assistência à saúde. Prevalência/incidência Das quatro condições, a HTN apresenta a maior prevalência, seguida pela IC. A Tabela 1 mostra 48,9 milhões de condições afetando 45,7 milhões de pessoas, algumas das quais tinham mais de uma condição. Impacto econômico O IM impõe o maior custo financeiro, seguindo pela IC, HTN e finalmente FA. A Tabela 2 mostra o custo por condição por componente de custo, demonstrando que cada condição impacta indivíduos, governos e sociedade de maneira diferente. Os custos de saúde constituem a maior parte da despesa por IC, IM e FA, refletindo a natureza do sistema de saúde do Brasil. A Tabela 3 mostra que a HTN tem o menor custo por caso, e o IM, o maior. Embora os custos por caso pareçam pequenos para HTN, refletem o custo total da condição dividido pelo número total de pessoas com a condição, estejam ou não recebendo tratamento. Esse custo por pessoa deve ser considerado nesse contexto ‘médio’, em lugar de refletir os verdadeiros custos de saúde a que fica sujeito um indivíduo em tratamento. Perda de bem-estar Além disso, as doenças cardíacas analisadas impõem uma substancial perda de bem-estar, como mostra a Tabela 4. Dos 3,2 milhões de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (DALY), ajustados para comorbidades, há 1,9 milhão de anos de vida saudável perdidos em virtude de incapacidade (YLD) e mais de 1,3 milhão de anos de vida perdidos em decorrência de morte prematura (YLL). Análise de custo-efetividade para insuficiência cardíaca Resultado de caso-base Considerando o horizonte de tempo de 30 anos, a estimativa dos custos acumulados descontados para as intervenções de TM e STE excedeu o de CP em R$ 50.098 e R$ 44.038, respectivamente, mas gerou QALY adicional de 1,91 e 1,63, respectivamente. Isso resultou em uma razão custo-efetividade incremental (RCEI) estimada de R$ 26.437–81.984/QALY e R$ 27.281/QALY para TM e STE, respectivamente, em comparação a CP, salientando-se um limiar de vontade de b A porcentagem reflete a evidência de estudos com populações com 20 anos ou mais de idade. 33

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