ABC | Volume 110, Nº6, Junho 2018

Artigo de Revisão Muniz et al Ultrassom pulmonar em pacientes com IC Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):577-584 0 0 0 1 1 1 1 3 3 3 13 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Figura 4 – Distribuição de publicações específicas sobre ultrassonografia pulmonar aplicada à insuficiência cardíaca ao longo do período (2006-2016). Temos observado em nossa prática clínica que a UP aumenta a acurácia diagnóstica de congestão pulmonar, sendo superior ao estetoscópio tanto na emergência quanto na unidade de terapia intensiva cardiológica. No cenário ambulatorial, Miglioranza et al., 34 verificaram que o número de linhas B≥15 correlacionou-se aoNT‑próBNP > 1000 (p < 0,001), à relação E/e’ > 15 (p = 0,001) e à avaliação clínica (p< 0,001), com sensibilidade de 85% e especificidade de 83%, para o risco de IC descompensada. Maines et al., 35 obtiveram correlação da presença das linhas B com o índice de impedância dos fluidos (p < 0,001) em pacientes ambulatoriais com IC. Ultrassonografia pulmonar e avaliação prognóstica No âmbito ambulatorial, Platz et al., 36 identificaram que pacientes que apresentarammais de três linhas B tiveramquatro vezes mais chances de internação por IC ou mortes por todas as causas, ressaltando-se que 81% desses não apresentaram alterações compatíveis na ausculta pulmonar. Gustafsson et al., 37 verificaram em 104 pacientes que a presença de linhas B ou derrame pleural ou ambos se correlacionou comrisco aumentado demorte ou hospitalização (HR: 3-4; p<0,05). Gargani et al., 9 e Corio et al., 10 ambos em2015, encontraramvalor prognóstico na alta hospitalar, quando linhas B ≥ 30 e ≥ 15, respectivamente, para morte por todas as causas ou internação em 3 meses (p < 0,001) e 6 meses livre de eventos (p< 0,001). Em nossa casuística, encontramos um número médio de linhas B de 12,2 ± 7,3, no momento da alta hospitalar. Cinco pacientes reinternaram em 90 dias, com uma média livre de eventos de 63,6 ± 25,7 dias e valor médio de BNP de 450,10 ± 409,96 pg/mL. Ultrassonografia pulmonar e avaliação terapêutica Volpicelli et al., 8 concluíram haver redução das linhas B após instituição do tratamento e correlação dessa melhora com outros parâmetros, como o escore radiológico de congestão (p < 0,05), o escore clínico (p< 0,05) e o nível de BNP (p < 0,05). Discussão Esta revisão sistemática teve como objetivo identificar as evidências científicas sobre UP na IC. Os resultados mostram o aumento da acurácia no diagnóstico da IC no ambiente pré‑hospitalar e hospitalar, com valor incremental no prognóstico na alta dos pacientes com IC descompensada e um provável papel para guiar o tratamento nos pacientes portadores de IC. Nota-se que, ao longo desses 10 últimos anos, houve um aumento progressivo de publicações sobre UP na IC, conforme a Figura 4, sendo, porém, muitos trabalhos de revisão clínica, 7,38,39 descrição metodológica 40 e editoriais. Diversos são os cenários de aplicabilidade da UP na avaliação de pacientes dispneicos com IC descompensada ou IC presumida. A aplicação emergencial foi a mais estudada conforme a Figura 5. Acredita-se que um dos fatores seja a baixa acurácia do exame físico e da radiografia do tórax 6 para um diagnóstico rápido e mais preciso. 23,24 Um estudo de revisão que envolveu 100 pacientes na sala de emergência e usou ultrassom cardíaco portátil revelou que a UP pode rapidamente auxiliar no diagnóstico de IC e facilitar o tratamento mais adequado e precoce. 38 Ainda nesse contexto de avaliação emergencial, Miglioranza et al., 34 e Facchini et al., 41 concluíram haver correlações positivas entre dados da UP e níveis de neuropeptídeos. Essa informação pode ser útil, principalmente quando não se dispõe dos peptídeos natriuréticos para avaliação inicial. Outro autor 42 também aplicou a UP no cenário emergencial e constatou que a identificação de múltiplas linhas B bilateralmente foi preditor sensível, mas não específico, para elevação do BNP > 500 pg/mL. Esse foi o primeiro 581

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