ABC | Volume 110, Nº6, Junho 2018

Artigo Original Oishi et al Disfunção endotelial e pressão arterial em ratos Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):558-567 Ainda, níveis de TNF- α estão fortemente correlacionados com adiposidade e vasodilatação diminuída em artérias de resistência dos ratos, e níveis de IL-6 são proporcionais à adiposidade, cuja elevação resulta em implicações diretas na função endotelial. 31 Por outro lado, níveis diminuídos de adiponectina estão associados à dislipidemia e a doenças cardiovasculares. Além disso, a adiponectina pode mediar um aumento na produção de NO pela modulação da fosforilação de Ser1177 pela AMPK; já IL-6 e TNF- α diminuem a fosforilação de eNOS Ser1177, resultando em atividade do eNOS diminuída e menos geração de NO. 32 Encontramos também uma forte correlação entre citocinas inflamatórias – TNF- α , IL-6, CRP e função endotelial (pD 2) . Nossos achados são consistentes com a literatura, que mostram que o tratamento com dieta hiperlipídica por 6 semanas foi capaz de aumentar TAV. Um resultado interessante foi a correlação inversa entre TAV e função endotelial (pD2). Ainda, os níveis dessas adipocinas estavam alterados na sexta semana no grupo DHL, o que corrobora o conceito da disfunção endotelial relacionada à obesidade. Nós demonstramos neste estudo que esses eventos ocorrem em um estágio precoce do desenvolvimento da obesidade. A obesidade também está fortemente associada com hipertensão, a qual é um fator de risco importante para o desenvolvimento de doenças coronarianas. De fato, 79% da hipertensão em homens resultou diretamente do excesso de peso. 33 A hipertensão, caracterizada por pressão elevada crônica, tem origem multifatorial, e a disfunção endotelial pode contribuir para sua gênese e manutenção. 5 No presente estudo, a dieta hiperlipídica induziu a um aumento na PAS em 12 semanas, que continuou aumentando até atingir valores máximos em 18 semanas. Esses resultados estão de acordo com Boustany et al., 34 que observaram um aumento na pressão sanguínea, e na atividade do sistema renina‑angiotensina do tecido adiposo e sistêmico após 11 semanas de dieta hiperlipídica nos ratos. O estudo Framingham Heart Study descreveu uma forte relação entre os níveis de gordura corporal e pressão sanguínea tanto em homens como emmulheres, e que a adiposidade surgiu como um importante fator que pode ser controlado e que contribui com a hipertensão. 34 Omesmo ocorreu em nosso estudo, que mostrou uma forte correlação entre PAS e TAV. Outro achado interessante de nosso estudo foi o fato de que alterações estruturais na aorta ocorreram após aumento na pressão sanguínea. Sabe-se que a hipertensão está associada com alterações estruturais nas artérias, que poderiam contribuir para a manutenção da hipertensão. 35 Além disso, a razão camada média/lúmen começou a aumentar (embora de uma maneira não significativa) em 12 semanas, coincidindo com o aumento na pressão sanguínea; esse aumento tornou‑se significativo em 18 e 24 semanas. Chen et al., 36 relataram que a dieta hiperlipídica induziu um aumento na espessura da camada média após 9 semanas. Nossos resultados estão de acordo com esses estudos. A dieta hiperlipídica também pode induzir a patogênese vascular, incluindo efeitos sobre a aorta, levando a alterações na estrutura vascular. Estudos clínicos e experimentais mostraram que um índice de massa corporal aumentado está frequentemente associado com enrijecimento e aumento na espessura da parede arterial. 37 Estudos prévios envolvendo animais sugeriram que a hipertensão está associada com formação aumentada de espécies reativas de oxigênio (EROs) a partir de todas as camadas da parede vascular. 38 Em concordância com esses estudos, nossos resultados mostraram um aumento na peroxidação lipídica (usado como marcador de estresse oxidativo) em anéis aórticos, paralelamente ao aumento da PAS, iniciando nas 12 semanas. Além disso, Kobayasi et al., 30 encontraram uma atividade antioxidante reduzida, inflamação vascular local aumentada, e um relaxamento dependente de endotélio deficiente em camundongos alimentados com dieta hiperlipídica em 16 semanas. A liberação de IL-6, principalmente a partir de adipócitos abdominais, pode ter um papel fundamental na relação entre estresse oxidativo e disfunção endotelial. IL-6 e TNF- α contribuem para a elevação da PCR, um marcador de estado inflamatório de baixo grau, e estão relacionados com disfunção endotelial. 23 Conforme mencionado anteriormente, a obesidade é comumente associada com estresse oxidativo, 39 o qual é capaz de modificar o tônus vascular impedindo a disponibilidade e/ou a sinalização de NO. 38 Observamos que a dieta hiperlipídica durante 6 semanas diminuiu os níveis de NO circulante sem efeitos significativos sobre a peroxidação lipídica nesse período de desenvolvimento da obesidade. Tabela 2 – Valores quantitativos obtidos da análise morfométrica da espessura da aorta dos ratos do grupo controle (CT, n = 7) e grupo dieta hiperlipídica (DHL, n = 7). Resultados são expressos em média ± DP. *P < 0,05, CT vs. DHL a cada 6 semanas; + p < 0,05, comparação intragrupo (0 vs. 6, 6 vs. 12, 12 vs. 18, 18 vs. 24 semanas) Semanas Espessura da camada média (µm) Diâmetro interno (ID) (µm) Razão camada média:lúmen CT DHL CT DHL CT DHL 0 157,99 ± 7,18 157,88 ± 4,75 2830,64 ± 75,20 2832,64 ± 75,98 0,056 ± 0,00 0,056 ± 0,01 6 163,51 ± 7,51 163,64 ± 11,98 2967,21 ± 177,85+ 2919,31 ± 145,46 0,054 ± 0,00 0,056 ± 0,00 12 162,82 ± 6,67 164,64 ± 9,64 2976,80 ± 167,73 2876,36 ± 99,89+ 0,055 ± 0,01 0,057 ± 0,00 18 161,65 ± 9,95 178,20 ± 5,26 *+ 2987,53 ± 156,18 2854,40 ± 133,40 0,054 ± 0,00 0,062 ± 0,00*+ 24 164,21 ± 9,51 181,96 ± 9,73 * 3045,25 ± 168,01 2835,53 ± 167,74* 0,054 ± 0,00 0,064 ± 0,01* 565

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