ABC | Volume 110, Nº6, Junho 2018

Artigo Original Soares et al Risco cardiovascular em uma população indígena Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):542-550 Quadro 1 – Indicadores de Risco Cardiovascular INDICADORES DE RISCO CARDIOVASCULAR RISCO Colesterol total (mg/dl) 13 ≥ 200 mg/dl HDL-colesterol (mg/dl) 13 < 50 mg/dl em mulheres e < 40 mg/dl em homens LDL-colesterol (mg/dl) 13 ≥ 130 mg/dl Triglicérides (mg/dl) 13 ≥ 150 mg/dl Índice de Castelli I 8 > 4,4 para mulheres e > 5,1 para homens Índice de Castelli II 8 > 2,9 para mulheres e > 3,3 para homens Razão TG/HDL-C 9 ≥ 3,8 Relação ApoB/ApoA1 10 > 0,8 para mulheres e > 0,9 para homens Escore de Risco de Framingham 11 baixo risco - probabilidade < 10% médio risco - probabilidade entre 10% e 20% alto risco - probabilidade > 20% PCR (mg/L) 14 baixo risco - < 1,0 mg/L médio risco - 1,0 a 3,0 mg/L alto risco - > 3,0 mg/L IMC (kg/m 2 ) 7,15 ≥ 25,0 kg/m 2 para adultos ≥ 27,0 kg/m 2 para idosos Circunferência da cintura (cm) 7 ≥ 94 cm em homens e ≥ 80 cm em mulheres Cintura hipertrigliceridêmica 7,13 CC aumentada (≥ 94 cm em homens e ≥ 80 cm em mulheres) e TG ≥ 150 mg/dl Glicemia (mg/dL) 16 glicemia casual ≥ 200 mg/dL e/ou glicemia na 2ª hora ≥ 140 mg/dL e/ou em uso de antidiabéticos orais ou insulina Pressão arterial (mm/Hg) 17 pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg e/ou uso de medicamento anti-hipertensivo HDL: lipoproteína de alta densidade; LDL: lipoproteína de baixa densidade; TG: triglicerídeos; ApoB: apolipoproteína B; ApoA1: apolipoproteína A1; PCR: proteína C reativa; IMC: índice de massa corporal. Resultados A população de estudo é constituída por 925 indígenas Xavante, sendo 455 homens (49,2%) e 470 mulheres (50,8%). A maioria (57,0%) encontra-se na faixa etária de 20 a 39 anos. As médias e desvios padrão dos indicadores de risco cardiovascular são apresentados na Tabela 1. As mulheres apresentaram médias mais elevadas de Apo A1, CC, IMC e glicemia. Já os homens apresentammaiores médias dos Índices de Castelli I e II, Escore de Framingham, Relação Apo B/Apo A-I e PA sistólica e diastólica. Em homens e mulheres, foram verificadas elevadas prevalências de alto risco cardiovascular, segundo os indicadores HDL-c, TG, razão TG/HDL-c, PCR, IMC, CC, CH e glicemia. Por outro lado, um percentual muito reduzido de Xavante apresentou níveis elevados de CT e LDL-c. De um modo geral, os indivíduos de 40 a 59 anos foram os mais expostos ao risco cardiovascular (Tabelas 2 e 3). Discussão Os achados indicam que os Xavante apresentam risco elevado de desenvolver DCV, segundo os indicadores HDL-c, TG, razão TG/HDL-c, PCR, IMC, CC, CH e glicemia. Esses resultados sugerem que há risco de aumento da prevalência de DCV nessa população nos próximos anos, o que acarretaria aumento das mortes e incapacidades, e redução da qualidade de vida dos Xavante. Existem diversas formas e indicadores para se estimar o risco cardiovascular. As variáveis devem ser avaliadas em conjunto, uma vez que, isoladamente, não são capazes de predizer adequadamente o risco cardiovascular. Um dos fatores avaliados para identificar o risco cardiovascular é o perfil lipídico. O risco de doença aterosclerótica está associado, dentre outros fatores, a concentrações elevadas de CT e LDL-c e baixas de HDL-c. 13 Já em relação aos TG, ainda há discussões se são a causa 544

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