ABC | Volume 110, Nº6, Junho 2018

Artigo Original Reis et al Miocardiopatia Hipertrófica Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):524-531 Tabela 1 – Principais características da população Antecedentes pessoais Hipertensão arterial 74 (70,5%) Fibrilação auricular 34 (32,4%) História familiar de morte súbita cardíaca 18 (17,1%) Diabetes mellitus tipo 2 16 (15,2%) Antecedentes de síncope 14 (13,3%) Antecedentes de doença coronária 10 (9,4%) Eletrocardiograma 12 derivações Critérios de HVE 69 (65,7%) Hemibloqueio anterior esquerdo 25 (23,8%) BAV 1º grau 16 (15,2%) Bloqueio completo de ramo direito 7 (6,7%) Bloqueio completo de ramo esquerdo 5 (4,8%) Ecocardiograma transtorácico MCH septal 72 (68,5%) MCH concêntrica 17 (16,1%) MCH apical 15 (14,3%) MCH obstrutiva 43 (40,9%) FEVE ≤ 40% 4 (3,8%) Regurgitação mitral - Ligeira 55 (52,4%) - Moderada 16 (15,2%) - Severa 8 (7,6%) Prova de esforço Resposta hipotensiva ao esforço 4 (3,8%) Ressonância magnética cardíaca Área AE, cm 2 43,6 ± 69,2 Massa do VE, g 168,2 ± 58,9 Espessura máxima medida, mm 18,2 ± 5,7 FEVE, % 64,8 ± 11,8 Realce tardio 34 (32,1%) HVE: hipertrofia do ventrículo esquerdo, FEVE: Fração de ejeção do ventrículo esquerdo, AE: átrio esquerdo, MCH: miocardiopatia hipertrófica, BAV: bloqueio auriculoventricular, VE: ventrículo esquerdo. Foram identificados em 25 (23,8%) pacientes episódios de disritmia ventricular complexa no Holter de 24 horas. Relativamente à implantação de CDI em prevenção primária, de acordo com as recomendações ACCF/AHA de 2011, 38,1% dos pacientes tinham indicação para implantação de CDI (nível de evidência classe IIa). Esse dispositivo foi implantado em 24 (22,9%) pacientes. De salientar, que 6 pacientes recusaram a implantação do dispositivo e em 10 pacientes foi decidido a não implantação do mesmo dadas as suas comorbidades. Durante o seguimento clínico de 6 anos, um paciente teve um choque apropriado por fibrilação ventricular (escore de risco de MSC por MCH 1,71% - CDI geralmente não considerado). Foram registrados em 25 (23,8%) pacientes episódios de taquicardia ventricular (TV) no CDI e 3 choques inapropriados. Verificou-se o falecimento de 10 (9,5%) pacientes (6 pacientes por insuficiência cardíaca, 1 paciente por fibrilação ventricular e 3 pacientes de etiologia neoplásica). Como já referido, de acordo com as recomendações ACCF/AHA de 2011, 38,1% dos pacientes tinham indicação para implantação de CDI (nível de evidência classe IIa) e 61,9% dos pacientes não tinham essa indicação (nível de evidência classe III) – Figura 1. Com recurso às recomendações de 2014, observamos que a média do escore de risco de MSC por MCH na população em estudo foi 3,1 ± 2,7%. De acordo com esse valor, os pacientes foram estratificados em três categorias de risco para implantação de CDI: 81 (77,1%) pacientes apresentavam escore < 4% (CDI geralmente não considerado – nível de recomendação III); 11 (10,5%) tinham escore entre 4% e 6% (CDI pode ser considerado – nível de recomendação IIb); 13 (12,4%) pacientes tinham> 6% (CDI deve ser considerado – nível de recomendação IIa) – Figura 1. Agrupando os pacientes das classes IIb e III da ESC 2014, verificamos que 13 (12,4%) pacientes tinham recomendação para implantação de CDI em prevenção primária e 64 (61,0%) pacientes não tinham essa recomendação segundo as guidelines de 2011 e 2014. Verificamos que 28 (26,7%) pacientes tinham recomendação para implantação de CDI de acordo com o documento de 2011, mas não em 2014. Desse modo, concluímos que temos 77 (73,3%) pacientes em que as classificações foram concordantes e 26,7% em que não foram. Quanto aos pacientes discordantes, observa-se que todos estão na mesma circunstância, ou seja, de acordo com as guidelines de 2011 teriam indicação para implantação de CDI em prevenção primária e segundo o documento de 2014 o CDI geralmente não seria considerado. Esse fato não é aleatório, pois, dos 28 discordantes, temos significativamente mais pacientes a implantar em 2011 e não em 2014, do que o contrário (p < 0,001 pelo teste McNemar) . Após essa análise, foram definidos quatro grupos de pacientes e com recurso ao teste qui-quadrado exato foi comparada entre grupos a ocorrência de eventos disrítmicos durante o seguimento clínico – Figura 2. Relativamente aos pacientes classificados com o nível de recomendação III segundo os dois documentos orientadores, ou seja, sem indicação para implantação de CDI, esse foi implantado em 3 num total de 64 pacientes. Verificamos que dos 61 pacientes que não implantaram CDI, 3 (4,9%) tiveram TV no seguimento. Nos 3 que implantaram CDI em prevenção primária não se registrou nenhum evento disrítmico. Comparou-se a porcentagem de eventos nos dois grupos, sem e com CDI, e concluiu-se que não diferem estatisticamente (p = 1,00) – Tabela 2. Quanto ao grupo classificado com o nível IIa em 2011 e nível III em 2014, de um total de 17 pacientes, 10 não implantaram e 7 implantaram CDI em prevenção primária. Dos 10 que não colocaram CDI, 2 (20,0%) tiveram TV. Dos que implantaram, 3 (42,9%) tiveram disritmia ventricular no seguimento. Comparou-se a porcentagem de eventos nos dois grupos, sem e com CDI, e verificou-se que não diferem de forma significativa (p = 0,59) – Tabela 2. 527

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