ABC | Volume 110, Nº6, Junho 2018

Artigo Original Catharina et al Síndrome metabólica na hipertensão Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):514-521 Tabela 3 – Regressão logística múltipla para a presença de síndrome metabólica * Odds ratio IC95% Valor de p Razão leptina/adiponectina > 3,7 4,13 1,38 – 12,34 0,01 Frequência cardíaca (bpm) 0,97 0,92 – 1,03 0,39 Microalbuminúria > 30 (mg.g –1 ) 8,51 1,53 – 47,14 0,01 PCR-us (mg.dL –1 ) 2,92 0,83 – 10,19 0,09 Hipertensão resistente 3,75 1,09 – 12,92 0,03 * As variáveis neste modelo foram ajustadas quanto à idade, gênero e raça. PCR-us: proteína C reativa ultrassensível; RLA: razão leptina/adiponectina >3.7 (o ponto de corte foi determinado a partir da mediana). Figura 1 – Representação diagramática dos efeitos da síndrome metabólica sobre a hipertensão e hipertensão resistente. SRAA: sistema renina-angiotensina; SNC: sistema nervoso central. Síndrome Metabólica Lesão renal Microalbuminúria ↑ DISFUNÇÃO ENDOTELIAL ↑ DIABETES ↑ SNC ↑ LEPTINA ↑ ESTRESSE OXIDATIVO ↑ INFLAMAÇÃO ↑ RESISTÊNCIA À INSULINA ↑ SRAA ↓ADIPONECTINA ↑ GORDURA VISCERAL Hipertensão Hipertensão Resistente e aconselhamento comportamental. Até o momento, as diretrizes publicadas não abordam especificamente o tratamento da hipertensão leve a moderada ou da HR em pacientes com SM. No entanto, considerando o maior risco de diabetes nesses pacientes, é plausível que a primeira consideração no tratamento anti-hipertensivo é se focar na inibição do sistema renina-angiotensina com o uso de enzima conversora de angiotensina ou de antagonistas do receptor da angiotensina II. 34 Há crescente interesse em estratégias que combinam agentes anti-hipertensivos em pacientes com HR e SM para se reduzir o número de comprimidos. Ainda são necessários estudos para se definir a melhor terapia anti‑hipertensiva nesse grupo de pacientes em alto risco. As limitações para este estudo incluem: (i) o delineamento transversal que não permite a inferência sobre causa e efeito; (ii) o tamanho pequeno da amostra e (iii) inclusão de pacientes provenientes de apenas um ambulatório. Apesar de estudos apresentarem diferenças significativas entre pacientes com hipertensão leve a moderada e HR, 35,36 nós não separamos esses pacientes quanto ao tipo de hipertensão porque ambos os grupos apresentaram alta prevalência de SM, com um perfil metabólico semelhante, contribuindo, assim, para o objetivo de se avaliar a influência da SM nesse conjunto de pacientes. Conclusão Em resumo, nosso estudo mostrou que a SM está significativamente associada com MA, HR e níveis de adipocinas. Esses achados sugerem que pacientes hipertensos com SM tendem a desenvolverem manifestações iniciais de lesões de órgãos-alvo com mudanças metabólicas/hormonais, resultando em risco cardiovascular aumentado e disfunção renal. No entanto, como mencionado anteriormente, este estudo transversal não nos permite inferir a natureza exata da associação entre SM, MA, HR e níveis de adipocinas. É possível que um diagnóstico precoce da SM em pacientes hipertensos permita uma predição mais precisa de eventos cardiovasculares adversos e disfunção renal, e a implementação de estratégias mais eficientes para a prevenção primária. 519

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