ABC | Volume 110, Nº6, Junho 2018

Relato de Caso Dinis et al. Miocardite eosinofílica Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):597-599 O tratamento e prognóstico da miocardite eosinofílica depende da sua etiologia. Na fase aguda é importante a restrição da atividade física. 1 Em doentes selecionados, particularmente os que apresentam virologia negativa e suspeita de etiologia autoimune, o tratamento precoce com corticoides tem apresentado resultados favoráveis. 5,10 Devido à estabilidade clínica e hemodinâmica da paciente, e após exclusão infeciosa, decidimos protelar o início dos corticoides até à confirmação da miocardite eosinofílica. Na literatura está descrito que um período de terapêutica imunossupressora de seis meses pode trazer melhorias significativas ao nível da função ventricular esquerda (aumento de 15-20% da fração de ejeção), 10 o que foi o verificado neste caso. Permanece a dúvida se esta melhoria se deve apenas ao corticoide ou se também está associada ao início de terapêutica para a insuficiência cardíaca, nomeadamente os beta-bloqueantes. O mecanismo de ação dos corticoides na miocardite não está totalmente esclarecido, no entanto pensa-se que interferem com a eosinofilopoiese; antagonizam as vias de desenvolvimento e maturação; e promovem a redistribuição dos eosinófilos do sangue periférico. 10 Durante o seguimento, todos os pacientes devem ser sujeitos a avaliações clínicas com eletrocardiograma e ecocardiograma. Se houver agravamento clínico ou imagiológico, poderá ser necessário a reinternação hospitalar e a repetição da ressonância magnética cardíaca e/ou da biópsia endomiocárdica. 1,9 Conclusão A miocardite eosinofílica é uma patologia rara, sub‑diagnosticada, e que pode ser letal se não for detectada e tratada a tempo. Contribuição dos autores Obtenção de dados e Redação do manuscrito: Dinis P, Puga L; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Dinis P, Teixeira R, Lourenço C, Cachulo MC, Gonçalves L. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Nãohávinculaçãodesteestudoaprogramasdepós‑graduação. 1. Caforio A, Pankuweit S, Arbustini E, Basso C, Gimeno-Blanes J, Felix S, et al; European Society of Cardiology Working Group on Myocardial and Pericardial Diseases. Current state of knowledge on aetiology, diagnosis, management, and therapy of myocarditis: a position statement of the European Society of Cardiology Working Group on Myocardial and Pericardial Diseases. Eur Heart J. 2013;34(33):2636-48, 2648a-2648d. doi: 10.1093/eurheartj/eht210. 2. Rezaizadeh H, Sanches-Ross M, Kaluski E, KlapholzM, Haider B, Gerula C. Acute eosinophilic myocarditis: diagnosis and treatment. Acute Card Care. 2010;12(1):31-6. doi: 10.3109/17482940903578998. 3. Thambidorai SK, Korlakunta HL, Arouni AJ, Hunter WJ, Holmber MJ. Acute eosinophilic myocarditis mimicking myocardial infarction. Tex Heart Inst J 2009;36(4):355-7. PMID: 19693316. 4. Friedrich MG, Sechtem U, Schultz-Menger J, Holmvang G, Alakija P, Cooper LT, et al; International Consensus Group on Cardiovascular Magnetic Resonance inMyocarditis. Cardiovascular magnetic resonance in myocarditis: A JACCWhite paper. J AmColl Cardiol. 2009;53(17):1475-87. doi: 10.1016/j.jacc.2009.02.007. 5. Aggarwal H, Jain D, Kaverappa V, Jain P, Kumar A, Yadav S, et al. Idiopathic hypereosinophilic syndrome presenting as severe Loeffler’s endocarditis. Arq Bras Cardiol. 2013;100(4):e43-6. PMID: 23681213. 6. El-Menyar A, Zubaid M, Sulaiman K, AlMahmeed W, Singh R, Alsheikh-Ali AA, et al; Gulf Registry of Acute Coronary Events (Gulf RACE) Investigators. Atypical presentation of acute coronary syndrome: a significant independent predictor of in-hospital mortality. J Cardiol. 2011;57(2):165-71. doi: 10.1016/j.jjcc.2010.11.008. 7. ArimaM, Kanoh T. Eosinophilic myocarditis associated with dense deposits of eosinophilic cationic protein (ECP) in endomyocardiumwith high serum ECP. Heart. 1999;81(6):669-71. PMID: 10336931. 8. Butterfield JH, Kane GC, Weiler CR. Hypereosinophilic syndrome: endomyocardial biopsy versus echocardiography to diagnose cardiac involvement. Postgrad Med. 2017;129(5):517-23. doi: 10.1080 /00325481.2017 .1317215. 9. Baccouche H, Mahrholdt H, Meinhardt G, Merher R, Voehringer M, Hill S, et al. Diagnostic synergy of non-invasive cardiovascular magnetic resonance and invasive endomyocardial biopsy in troponin-positive patients without coronary artery disease. Eur Heart J. 2009;30(23):2869-79. doi: 10.1093/ eurheartj/ehp328. 10. Frustaci A, Russo M, Chimenti C. Randomized study on the efficacy of immunosuppressive therapy in patients with virus-negative inflammatory cardiomyopathy: the TIMIC study. Eur Heart J. 2009;30(16):1995-2002. doi: 10.1093/eurheartj/ehp249. Referências Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 599

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=