ABC | Volume 110, Nº5, Maio 2018

Artigo Original Oliveira et al Exercício na insuficiência cardíaca aguda Arq Bras Cardiol. 2018; 110(5):467-475 Tabela 1 – Características basais de pacientes internados, com insuficiência cardíaca aguda, alocados em um dos três grupos – exercício + ventilação não invasiva EX+VNI, exercício + ventilação placebo (EX+Sham) e grupo Controle Controle (n = 9) EX+Sham (n = 9) EX+VNI (n = 11) Dados antropométricos/demográficos Homens, n (%) 7 (78%) 8 (89%) 7 (64%) Idade, anos 58 ± 7 57 ± 5 56 ± 8 Peso, kg 65,3 ± 14,8 74,0 ± 13,5 66,4 ± 10,8 Altura, m 1,60 ± 0,71 1,68 ± 0,10 1,64 ± 0,40 IMC, kg/m 2 24,2 ± 5,0 26,9 ± 4,6 24,8 ± 4,0 FEVE, % 23,8 ± 4,9 25,4 ± 6,7 26,0 ± 4,8 NT pró-BNP, ρg/mL 2467 ± 547 2331 ± 429 2594 ± 633 PCR-us, mg/L 8 ± 3 9 ± 4 9 ± 5 Tempo de internação, dias 39 ± 15 23 ± 8* 17 ± 10* † Principais comorbidades Hipertensão, n (%) 5 (56%) 3 (33%) 5 (54%) Dislipidemia, n (%) 4 (44%) 1 (11%) 1 (9%) Diabetes mellitus, n (%) 2 (22%) 2 (22%) 1 (9%) Etiologia Isquêmica, n (%) 6 (67%) 7 (80%) 7 (44%) Principais medicamentos β-bloqueador, n (%) 7 (78%) 6 (67%) 8 (73%) Inibidores de ECA ou BRAs, n (%) 4 (43%) 6 (63%) 7 (64%) Diuréticos, n (%) 9 (100%) 9 (100%) 11 (100%) IMC: índice de massa corporal; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; NT pró-BNP: peptídeo natriurético cerebral; ECA: enzima conversora da angiotensina; BRAs: Bloqueadores do Receptor da Angiotensina II. Valores expressos em média ± desvio padrão ou frequência (n e %). ANOVA com medidas repetidas com correção de Bonferroni foi aplicado para as variáveis descritas em média ± desvio padrão, e o teste qui-quadrado usado para avaliar diferenças de dados categóricos. * p < 0,05 vs. Controle; † p < 0,05 vs. EX+Sham Acompanhamento Nenhum dos pacientes dos grupos que se exercitaram necessitou ser transferido para a unidade de terapia intensiva. Além disso, um número maior de pacientes desses grupos teve uma alta hospitalar precoce em comparação ao grupo Controle. Interessante mencionar que o grupo Controle apresentou uma maior permanência no hospital em comparação aos grupos EX+Sham e EX+VNI, e que o grupo EX+VNI teve um período de hospitalização mais curto que o grupo EX+Sham (Tabela 1). Ainda, o tempo total de exercício em ambos os grupos que se exercitaram foi inversamente correlacionado com o tempo de hospitalização (Figura 3). Discussão Em nosso conhecimento, este é o primeiro estudo a avaliar o papel do treinamento aeróbico em IC aguda ou descompensada (NYHA classe IV). Os principais achados deste estudo foram: o exercício na IC aguda/descompensada (i) é segura, uma vez que os grupos EX+VNI e EX+Sham não apresentaram piora de sintomas durante o exercício ou sinais de que necessitavam interromper o exercício; e (ii) reduz o tempo de internação hospitalar. Além disso, o exercício aumenta a distância do TC6M. Estudos demonstraram que a mobilização precoce em pacientes críticos pode reduzir significativamente o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva. 19 Também foi demonstrado que a reabilitação imediatamente após exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica está associada com uma menor frequência de reexacerbação e com um aumento da força do quadríceps. 20,21 Concordante com esses dados, um estudo recente demonstrou que a estimulação elétrica funcional melhorou a tolerância ao exercício e a força muscular em pacientes com IC aguda. 28 Nosso estudo amplia o conhecimento sobre abordagens a serem usadas durante a hospitalização no tratamento de pacientes com IC descompensada. O estudo sugere que o treinamento aeróbico per se é uma ferramenta segura e eficaz na redução do tempo de hospitalização de pacientes com IC aguda. Deve-se ressaltar que nenhumdos pacientes que realizaramexercício apresentou piora dos sintomas durante o exercício ou mostrou algum sinal de intolerância ao esforço realizado. Outro achado importante em nosso estudo foi o aumento na tolerância ao exercício em pacientes que se submeteram ao exercício aeróbico. Na verdade, esse achado possui importantes implicações clínicas, uma vez que a distância no TC6M está associada com desfecho clínico e qualidade de vida em pacientes com IC. 29 Além disso, é possível que o treinamento aeróbico melhore a tolerância ao exercício mesmo em pacientes com IC hospitalizados. 470

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