ABC | Volume 110, Nº5, Maio 2018

Artigo Original Oliveira et al Exercício na insuficiência cardíaca aguda Arq Bras Cardiol. 2018; 110(5):467-475 Ventilação não-invasiva com pressão positiva A ventilação não-invasiva foi realizada por meio de máscara oronasal, utilizando-se ventilador comdois níveis depressão (BiPAP Vision®, Respironics, EUA), em duas condições: ventilação com pressão positiva em dois níveis – pressão positiva inspiratória: 14 cmH 2 O, e pressão positiva expiratória: 8 cmH 2 O, semoxigênio suplementar (FiO 2 0,21)] e ventilação placebo (sham) – pressão positiva inspiratória: 4 cmH 2 O, e pressão positiva expiratória: 4 cmH 2 O, sem oxigênio suplementar (FiO 2 0,21)]. Essas medidas de pressão foram escolhidas com base em evidências anteriores de que uma pressão positiva inspiratória entre 8 e 20 cmH 2 O e uma pressão positiva expiratória final entre 4 e 10 cmH 2 O estavam associadas com efeitos clínicos positivos em uma população com níveis similares de IC aguda. 24,25 Os valores de pressão positiva inspiratória e de pressão positiva expiratória final na VNI sham estabelecidos (4 cmH 2 O) corresponderam ao valor mínimo aplicável pelo aparelho BiPAP Vision®. Esses valores foram capazes de vencer a resistência imposta pelo circuito ventilatório (conforme instruções do fabricante) e de assegurar que os pacientes permanecessem sem conhecimento quanto à intervenção aplicada. Teste de função pulmonar e pressão inspiratória máxima Foram realizados testes de espirometria, com medida do volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF 1 ), capacidade vital forçada (CVF), e VEF 1 /CVF (espirômetro EasyOne ® Plus Diagnostic, Suíça). A PImax foi medida utilizando-se um manômetro digital (MVD-300 ® V.1.1 Microhard System; Globalmed, Brasil). Os pacientes foram instruídos a realizar uma inspiração máxima a partir do volume residual. Cada paciente executou cinco esforços de inspiração máxima, com valores próximos entre si (< 10%), sendo considerada para o estudo a medida de maior valor. Todos os valores obtidos foram adequados para os valores de referência para população brasileira. 26 Teste de caminhada de seis minutos (TC6M) O TC6M foi realizado em um corredor plano de 30 m de comprimento, de acordo com a American Thoracic Society . 27 Foram medidas pressão arterial, FC e SpO 2 , e aplicada a escala de dispneia de Borg modificada. Todas as medidas foram realizadas antes e imediatamente após os testes, e após dois minutos de recuperação. A FC e a SpO 2 foram monitoradas durante todo o teste (oxímetro portátil Nonin TM , EUA). Análise estatística A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa SPSS (versão 20.0, SPSS Inc. EUA). Os dados foramexpressos em média ± desvio padrão ou emmediana e intervalo interquartil, conforme apropriado. Dados categóricos foram expressos em valores absolutos e porcentagem (n e %). A normalidade da distribuição dos dados foi testada pelo teste Shapiro-Wilk. O teste qui-quadrado foi utilizado para avaliar diferenças entre os dados categóricos, e o teste ANOVA commedidas repetidas com correção de Bonferroni foi usado para comparações múltiplas. A correlação de Pearson foi usada para correlações paramétricas. Para todas as análises, a significância estatística foi estabelecida em 5% (p < 0,05). Resultados Medidas basais Vinte e nove pacientes que preencheram todos os critérios de inclusão foram incluídos no estudo e randomizados em três grupos – Controle (n = 9, idade 58 ± 7 anos), EX+Sham (n = 9, 57 ± 5 anos) e EX+VNI (n = 11, 56 ± 8 anos). Todos os pacientes apresentaram diagnóstico de IC aguda. Não houve diferenças entre as variáveis antropométricas ou demográficas, etiologia da IC, FEVE, principais comorbidades, medicamentos, níveis plasmáticos de NT pró-BNP ou PCR-us entre os grupos (Tabela 1). A classe funcional, a tolerância ao exercício e a função pulmonar não foram diferentes entre os grupos (Tabela 2). Efeitos do exercício combinado com VNI e ventilação sham Nenhum dos pacientes do grupo EX+VNI ou EX+Sham apresentou algum critério para interromper o exercício. O tempo total de exercício foi mais curto no grupo EX+Sham (~30% menor em comparação ao grupo EX+VNI) (Tabela 2). No D10, os grupos EX+VNI e EX+Sham apresentaram uma distância maior percorrida em comparação ao grupo controle (Tabela 2). Além disso, a distância no TC6M no D10 foi maior no grupo EX+VNI (Figura 1C) que no grupo EX+Sham (Figura 1B) ou Controle (Figura 1A). Não houve diferenças na pressão arterial, FC ou SpO 2 entre os grupos durante o TC6M (dados não apresentados). O escore de dispneia de repouso foi mais alto no D1 (basal) e diminuiu ao longo do tempo nos três grupos. Além disso, o grupo EX+VNI apresentou menor valor de dispneia no D10 (Figura 2). O número de pacientes que receberam dobutamina no D1 foi similar entre os grupos; no entanto, no D10, os grupos que se exercitaram (EX+Sham e EX+VNI) apresentaram um menor número de pacientes que receberam dobutamina em comparação ao grupo Controle (Tabela 2). Do D1 ao D10, houve uma redução significativa nos níveis de NT pró-BNP (∆NT pró-BNP: –892 ± 112 ρ g/mL no grupo Controle, –1184 ± 299  ρ g/mL no grupo EX+Sham, e –1002 ± 356 ρ g/mL no grupo EX+VNI) e de PCR-us (ΔPCR-us –4 ± 2 mg/L no grupo Controle, -4 ± 3 mg/L no grupo EX+Sham, e –5 ± 3 mg/L no grupo EX+VNI, mas sem diferenças entre os grupos. Além disso, ocorreu uma diminuição similar no peso corporal entre os grupos (∆peso: –3,3 ± 2,2 kg no grupo Controle, –5,3 ± 3,9 kg no grupo EX+Sham, –5,0 ± 2,0 kg no grupo EX+VNI). Não foram observadas diferenças na função pulmonar, PImáx e lactato sanguíneo entre os grupos no D1 e no D10 (Tabela 2). 469

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