ABC | Volume 110, Nº5, Maio 2018

Artigo Original Ramires et al Prevalência da síndrome metabólica no Brasil Arq Bras Cardiol. 2018; 110(5):455-466 1. Organização Pan-Americana da Saúde. (OPAS/OMS). Tobacco control report for the Region of the Americas. Washington; 2011. 2. Schmidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61. 3. International Diabetes Federation. (IDF). The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome. Brussels; 2006. 4. Alberti K, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato KA, et al; International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Referências homens 4,1%. 39 Esses achados podem ser sugestivos do que foi encontrado em uma coorte prospectiva entre a população holandesa, onde a depressão foi consideravelmente associada à maior CC e ao nível de triglicerídeos durante um seguimento de 6 anos. 40 Nesse contexto esses resultados podem supor que a idade mais avançada pode estar associada a um aumento da resposta ao estresse e do nível de cortisol mais frequentemente entre as mulheres do que entre os homens. 39 O padrão metodológico reforçou a robustez dos resultados apresentados, porém algumas limitações devem ser abordadas. Até o momento de submissão deste estudo, o IBGE não havia publicado os dados laboratoriais de HDL, o que nos levou caracterizar à SM na ocorrência de três dentre os quatro – e não cinco – componentes disponíveis no banco de dados. Outro ponto concerne à utilização de diagnósticos médicos autorreferidos. A população investigada respondeu se “ algum médico já lhe deu o diagnóstico de diabetes?” ou “(...) hipercolesterolemia? ”, o que reduz o viés de classificação, pois foram consideradas presentes quando havia resposta positiva ao diagnóstico médico anterior destas doenças; por outro lado, dadas as questões de subdiagnóstico, há a possibilidade real da presença de indivíduos que desconheciam sua condição de saúde no momento da entrevista. De qualquer modo, mesmo diante dessas situações, observamos que a elevada prevalência da SM em nosso estudo é consistente com a literatura, 7,10,16 o que alerta para a possibilidade de que esta prevalência possa estar subestimada, implicando em um prognóstico negativo para a população brasileira com idade ≥ 18 anos. Outra limitação deste estudo é o delineamento transversal, razão pela qual os fatores socioeconômicos, comportamentais e as comorbidades aqui analisados não podem, inequivocamente, serem considerados causais para a SM. Especialmente no que concerne às comorbidades, é importante destacar o papel da causalidade reversa nas associações identificadas, uma vez que o início do curso clínico para as DCV, AVC, depressão e IRC seria a SM, apesar do delineamento não permitir afirmar que este fato aconteceu na população estudada. Todavia, a utilização de dados com representatividade nacional e de um modelo conceitual para embasar não apenas a seleção das variáveis, mas também a estratégia analítica, permite produzir informações relevantes para o diagnóstico das condições de saúde da população brasileira, no que se refere à SM, alinhadas com as prioridades nacionais de saúde pública. Conclusão Identificamos elevada prevalência de SM na população adulta e idosa no Brasil, sendo que esta esteve associada com variáveis sociodemográficas (idade, escolaridade, situação conjugal e região de moradia), comportamentais (autopercepção de saúde) e de comorbidades (AVC, DVC, excesso de peso, depressão e IRC) de forma diferente entre os sexos. Por fim, a relevância da carga de cada componente da SM, reitera a SM como ferramenta clínica e epidemiológica na identificação de indivíduos e grupos populacionais com maior vulnerabilidade à ocorrência de DCV e como norteadora de intervenções custo-efetivas sobre os fatores apresentados. Assim, nossos resultados sugerem a necessidade de fortalecimento de políticas públicas de promoção de saúde a fim de favorecer a adoção de comportamentos saudáveis, de outro modo, será pouco provável o cumprimento das metas previstas no Plano Nacional de Enfrentamento das DCNT no Brasil: 2011-2022. Contribuição dos autores Concepçãoedesenhodapesquisa eAnálisee interpretaçãodos dados: Ramires EKNM,Menezes RCE, Silveira JAC, Longo‑SilvaG, Santos TG; Obtenção de dados: Marinho PM; Análise estatística: Ramires EKNM,Menezes RCE, Silveira JAC,MarinhoPM; Redação domanuscrito:Ramires EKNM,Menezes RCE, Silveira JAC; Revisão crítica domanuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Menezes RCE, Silveira JAC, Santos TG. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Elyssia Karine Nunes Mendonça Ramires pela Universidade Federal de Alagoas. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Plataforma Brasil, direcionado a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) sob o número de protocolo 10853812.7.0000.0008. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 465

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