ABC | Volume 110, Nº5, Maio 2018

Artigo Original Ramires et al Prevalência da síndrome metabólica no Brasil Arq Bras Cardiol. 2018; 110(5):455-466 ao mesmo nível que o seu peito ou coração. Três medidas de PA foram aferidas, com intervalos de dois minutos entre elas. A média entre a segunda e a terceira medida foi utilizada para o presente estudo. Nessa técnica, as pressões sistólica e diastólica foram calculadas por meio de algoritmos a partir do ponto de oscilação máxima que corresponde à PA média. 9 Quanto às medidas antropométricas, aferiu-se o peso (kg), a altura (m) e a CC (cm) – tendo-se como referência para o perímetro o ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, sendo utilizados, respectivamente, balança eletrônica portátil, estadiômetro portátil, fita métrica flexível e inelástica com precisão de 0,1 cm. Os procedimentos para a realização da antropometria seguiram o mesmo protocolo utilizado na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 9 Variáveis independentes A seleção das variáveis independentes foi realizada com base no modelo conceitual dos determinantes distais e proximais, desenvolvido para mostrar o impacto de múltiplos fatores sociodemográficos, comportamentais e de comorbidades no estado de saúde da população, para a SM. 10 Os fatores sociodemográficos utilizados incluíram: sexo, idade (18 – 59 anos e ≥ 60 anos), escolaridade (≤ 8 anos e > 8 anos), cor da pele (branca/não branca), situação conjugal (viver com companheiro ou não), macrorregião (Sul/Sudeste/ Centro-Oeste e Norte/Nordeste). As macrorregiões foram dicotomizadas de modo de contrastar os polos brasileiros de desenvolvimento, sendo as regiões Sul, Sudeste e Centro‑Oeste as mais desenvolvidas. As variáveis comportamentais foram autopercepção de saúde, considerando a junção das respostas “muito boa” e “boa” definindo como referência às respostas “regular”, “ruim” e “muito ruim”. Para construção da variável atividade física (AF), foram consideradas as seguintes informações sobre a realização em tempo livre e o volume, a duração e a intensidade do esforço para a atividade física, sendo o período de referência utilizado para as questões de AF no questionário, os três meses anteriores ao dia da entrevista. A intensidade do esforço foi obtida pela conversão do tipo de exercício físico ou esporte relatados em AF vigorosa ou moderada conforme as determinações do Compêndio de Atividade Física (CAF). 11 A duração do esforço em cada sessão foi expressa em minutos e dividida em três agrupamentos: < 19; 20 a 29; >30 minutos. A frequência semanal foi determinada pelo número de dias com prática de AF por semana e, para efeitos de análise, foi dividida em: 0 a 2 dias, 3 a 4 dias e > 5 dias semanais. Dessa forma, a variável AF foi, inicialmente, agrupada em três categorias, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde: ativo (indivíduo que alcance ou ultrapasse 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade física vigorosa por semana em sessões de pelo menos 10 minutos de duração); inativo (indivíduo que negue praticar AF no lazer) e ativo insuficiente (quando realiza AF abaixo da recomendação). 11 Por fim, optou-se por unir as categorias de inativo e ativo insuficiente, transformando-as em uma variável dicotômica (ativo/inativo). As variáveis correspondentes às comorbidades aqui analisadas foram os diagnósticos médicos prévios autorreferidos de acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal crônica (IRC), depressão e outras doenças cardiovasculares (DCV). Para esta última consideraram-se os relatos de diagnósticos de DCV anteriores, como por exemplo: infarto, angina, insuficiência cardíaca dentre outras. O excesso de peso foi identificado segundo pontos de corte do índice de massa corporal (IMC). Nos indivíduos com faixa etária entre 18 e 59 anos, foram considerados com excesso de peso, os valores ≥ 25 kg/m 2 . 12 Para aqueles com idade igual ou superior a 60 anos foram considerados valores > 27 kg/m 2 como excesso de peso. 12 Análise estatística As análises estatísticas foram processadas por meio do software Stata versão 13.0 (Stata Corp., College Station, EUA), utilizando-se survey comands, cujos procedimentos de análise levam em consideração os efeitos do plano e da ponderação amostral. 13 A comparação entre as prevalências de SM, para cada comorbidade e para a carga de doenças foi baseada em seus respectivos intervalos de confiança de 99% (IC99%). As razões de prevalência (RP), com seus respectivos IC99%, foram calculadas por meio de modelos de regressão simples e múltiplos de Poisson. 14 O processo de modelagem estatística foi conduzido mediante modelo conceitual dos fatores determinantes da SM, 10 aplicando-se abordagem hierarquizada nas análises e utilizando o método stepwise forward para a introdução das variáveis, considerando como elegíveis aquelas com p < 0,20 (análise univariada); permaneceram no modelo aquelas variáveis em que o IC99% não incluiu o “1” ou que contribuíram para o ajuste do modelo. As associações entre a SM e os potenciais fatores associados foram inseridos de acordo com os fatores sociodemográficos, comportamentais e de comorbidades, analisados por meio de três modelos múltiplos. No nível distal da análise (Modelo 1) foram consideradas as variáveis sociodemográficas idade, escolaridade, cor da pele, situação conjugal e região de moradia; para a composição do Modelo 2, utilizaram-se as variáveis comportamentais atividade física e autopercepção de saúde, ajustadas pelo Modelo 1; por fim, no Modelo 3, foram introduzidas as variáveis referentes aos determinantes proximais (comorbidades) sendo seus efeitos ajustados pelo Modelo 2. Destaca-se que uma vez definido o conjunto de variáveis em um Modelo hierarquicamente superior este não sofria mais qualquer alteração nos outros níveis de análise. A justificativa para preservar as variáveis em cada um dos modelos foi alicerçada na importância do resultado para a compreensão da ocorrência da SM e na magnitude do efeito, bem como sua variabilidade, aqui representada pelo IC99%. 14 Além disso, as análises foram estratificadas por sexo, considerando que na análise descritiva a SM mostrou acometer de modo diferencial à população masculina e feminina, o que pode refletir fatores de associação distintos entre os grupos. 457

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