ABC | Volume 110, Nº4, Abril 2018

Comunicação Breve De Santi et al Treinamento aeróbico e contratilidade do VE pós-IM Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):383-387 Tabela 1 – Variáveis do Teste Cardiopulmonar de Exercício GC (n = 10) GTI (n = 10) GTM (n = 10) Antes Depois Antes Depois Antes Depois VO 2 pico (ml/kg/min) 18,2 ± 4,4 17,1 ± 4,6 19,2 ± 5,1 21,9 ± 5,6* 18,8 ± 3,7 21,6 ± 4,5* VM pico (L/min) 55,9 ± 17,5 48,4 ± 15,9 † 61,4 ± 20,6 72,2 ± 21,9* 62,1 ± 14,5 68,6 ± 15,5 † PO 2 basal (ml/sístole) 4,3 ± 1,1 4,1 ± 0,8 3,75 ± 0,7 4,3 ± 0,9 4,5 ± 1,5 4,1 ± 1,0 PO 2 pico (ml/sístole) 11,7 ± 3,1 11,3 ± 3,1 11,6 ± 3,0 12,8 ± 2,5 † 11,1 ± 1,1 12,3 ± 1,7 † RER 1,08 ± 0,08 1,08 ± 0,08 1,12 ± 0,11 1,19 ± 0,10 1,15 ± 0,07 1,19 ± 0,08 FC repouso (bpm) 64,1 ± 12,8 65,6 ± 6,6 63,1 ± 9,9 62,1 ± 6,0 63,6 ± 11,6 64,8 ± 8,2 FC pico (bpm) 122,9 ± 28,3 123,1 ± 28,2 131,8 ± 20,6 133,2 ± 21,7 131,6 ± 12,3 129,0 ± 18,3 PAS pico (mmHg) 158,5 ± 22,4 159,5 ± 15,5 149,5 ± 25,2 146,5 ± 16,8 153,0 ± 20,1 145,2 ± 17,9 PAD pico (mmHg) 8,2 ± 0,6 8,4 ± 0,7 8,1 ± 0,6 8,0 ± 0,5 8,3 ± 0,7 8,1 ± 0,6 DP (bpm.mmHg) 19628 ± 5523 19422 ± 3870 19989 ± 5770 19596 ± 4468 20229 ± 3864 19566 ± 3990 VO 2 : consumo de oxigênio; VM: ventilação-minuto; PO 2 : pulso de oxigênio; RER: razão de troca respiratória; FC: frequência cardíaca; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; DP: duplo produto. *p < 0,01: diferente, na análise comparativa antes versus depois, após o período de seguimento clínico. † p < 0,05: diferente, na análise comparativa antes versus depois, após o período de seguimento clínico. Em contraste com os grupos treinados, o GC apresentou, após o período de 12 semanas de seguimento clínico, aumento estatisticamente significante do strain radial (STRAD) (p<0,05) (Tabela 2). Discussão Realizamos um estudo piloto com a finalidade de avaliar a influência do TFA, prescrito sob a forma de duas intensidades distintas, na capacidade física e na mecânica de contração do ventrículo esquerdo no contexto do pós-IM. O principal achado desse estudo foi a documentação de um comportamento distinto do STRAD no GC comparativamente aos grupos treinados. Esse resultado é importante na medida em que sugere que os parâmetros de deformação miocárdica podem ser mais sensíveis, comparativamente aos parâmetros clássicos de avaliação do remodelamento ventricular, na identificação de adaptações do miocárdio pós-infarto entre pacientes submetidos ou não a programas de TFA. Postulamos que para melhorar a eficiência mecânica do músculo cardíaco, houve uma adaptação do miocárdio pós-infarto no GC que necessitou de um incremento do espessamento sistólico como mecanismo provável de manutenção de um volume sistólico e de um débito cardíaco adequados na situação de repouso. Por outro lado, o TFA pode ter contribuído para que mecanismos adaptativos compensatórios, sensíveis à análise do strain radial, não fossem deflagrados nos grupos treinados como parte das adaptações do miocárdio pós-infarto, necessárias para atender as demandas metabólicas e teciduais na situação de repouso. Sob a perspectiva de análise dos parâmetros de deformação miocárdica e de rotação ventricular, o treinamento aeróbico intervalado não mostrou mudanças significativas na mecânica de contração do ventrículo esquerdo comparativamente ao treinamento aeróbico moderado contínuo. Ao longo das últimas décadas, desde a publicação de Jugdutt et al., 9 surgiram vários trabalhos científicos que procuraram avaliar a influência do TFA sobre o processo de remodelamento ventricular no contexto do pós-IM. Giannuzzi et al., 4 mostraram aumento da função cardíaca e manutenção dos volumes cavitários. Kubo et al., 5 observaram aumento dos volumes cavitários e manutenção da função cardíaca. Giallauria et al., 6 documentaram manutenção tanto dos volumes cavitários quanto da função cardíaca. No presente estudo, os volumes cavitários e a função cardíaca estimada pela fração de ejeção do ventrículo esquerdo não apresentaram mudanças estatisticamente significantes. E, dessa forma, não foram capazes de identificar padrões distintos de remodelamento ventricular nos grupos de treinamento comparativamente ao GC. Do ponto de vista da capacidade funcional, observamos um aumento equiparável de 14% no VO 2 pico do GTI e do GTM. Empregamos omodelo 4x4 de treinamento aeróbico intervalado recomendado em vários estudos por promover aumentos expressivos no VO 2 pico, comparativamente ao treinamento aeróbicomoderado contínuo. 10,11 Entretanto, não evidenciamos diferença estatisticamente significante entre o VO 2 pico do GTI e do GTM, após o período de treinamento físico. Ressaltamos que os dados do presente estudo são corroborados pelos achados do SAINTEX-CAD Study que mostrou um incremento semelhante da aptidão física, comparando-se o treinamento aeróbico intervalado versus o treinamento aeróbico moderado contínuo, em uma grande casuística de pacientes com doença arterial coronária. 12 Limitações do estudo Sabe-se que a FC aumenta linearmente com o VO 2 dentro de limites definidos nas faixas de 50 a 90% do VO 2 máximo. Entretanto, no presente estudo, não pudemos estabelecer uma relação entre a intensidade do treinamento e os limiares ventilatórios. 385

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