ABC | Volume 110, Nº4, Abril 2018

Comunicação Breve De Santi et al Treinamento aeróbico e contratilidade do VE pós-IM Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):383-387 Investigou-se a influência do TFA, prescrito sob a forma de duas intensidades distintas, na capacidade física e nos parâmetros de análise da deformação miocárdica e da rotação ventricular em pacientes com diagnóstico de IM. Métodos Pacientes Foram prospectivamente investigados, após assinatura de termo de consentimento livre esclarecido, trinta pacientes, 55,1 ± 8,9 anos, com o diagnóstico de IM; aleatorizados em três grupos: treinamento moderado (GTM), treinamento intervalado (GTI) e controle (GC). Os critérios de inclusão estabelecidos foram: IM de parede anterior com comprometimento exclusivo do terço proximal da artéria descendente anterior e disfunção ventricular assintomática com fração de ejeção do ventrículo esquerdo < 50%. Excluíram-se os pacientes que evoluíram com insuficiência cardíaca, taquicardia ventricular sustentada, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal crônica e limitações ortopédicas ou neurológicas para o exercício físico. Teste cardiopulmonar de exercício Foi realizado um teste de esforço com captação dos gases expirados pelo analisador CPX/D MedGraphics (Saint Paul, USA). O software BreezeEX foi utilizado para a aquisição, processamento e armazenamento das variáveis cardiorrespiratórias. Foi aplicado um protocolo de Balke modificado em esteira rolante, com velocidade 1,5 mph no 1° minuto, 2,5 mph no 2° minuto e fixa em 3,0 mph a partir do 3° minuto, seguido por incrementos crescentes da inclinação de 2% a cada minuto até a interrupção do esforço, por exaustão física. A monitorização cardíaca contínua foi realizada pelo sistema de derivações de Mason‑Likar modificado com 13 derivações, e a pressão arterial foi medida manualmente a cada minuto durante o período do esforço e de recuperação. Ressonância magnética cardíaca Os exames foram realizados no equipamento Magneton Vision, Siemens, 1,5T (Erhlangen, Alemanha), com bobinas de gradiente de 25 mT, de polarização circular. A sequência utilizada foi a de gradiente-eco rápido com aquisição em estado de equilíbrio (TRUE_FISP) com parâmetros ajustados de modo a otimizar a relação sinal/ruído. Flip angle = 10°, espessura do corte = 8 mm; intervalo entre cortes = 0 mm; 13 fases do ciclo cardíaco em um único corte, a cada apneia expiratória, sempre sincronizado ao ECG, tornando-se um filme do ciclo cardíaco com ótima resolução temporal e espacial. As imagens foram obtidas ao longo do eixo vertical (4 câmaras) e eixo curto de modo a cobrir toda a extensão do ventrículo esquerdo. Avaliação da deformação miocárdica e da rotação ventricular A avaliação da deformação miocárdica e da rotação ventricular foi realizada pelo programa de computador Multimodality Tissue Tracking (MTT; version 6.6.0, Toshiba, Japão) através da análise das imagens de ressonância magnética cardíaca geradas com sequências de pulso Steady State Free Precession (SSFP). Prescrição do treinamento físico Os pacientes aleatorizados para os grupos de treinamento foram submetidos a 03 sessões semanais supervisionadas de exercício físico aeróbico em esteira rolante, por um período de 12 semanas. As sessões de treinamento foram constituídas pelas seguintes fases: aquecimento, com duração de 05 minutos; condicionamento, com ajustes da carga (velocidade e inclinação) para manter a frequência cardíaca (FC) dentro da zona de treinamento, durante 30 minutos; e desaquecimento com duração de 05 minutos. A intensidade do TFA, definida pelo intervalo da FC de treinamento, foi estabelecida a partir de um percentual da FC pico atingida no teste cardiopulmonar de exercício. A FC de treinamento para os pacientes aleatorizados para o GTM foi calculada da seguinte maneira: a FC mínima foi estabelecida como sendo aquela representativa de 60% da FC pico ao passo que a FC máxima de treinamento foi àquela representativa de 70% da FC pico atingida no teste cardiopulmonar de exercício. Os pacientes aleatorizados para o GTI realizaram o TFA aplicando-se um modelo denominado 4x4 que consiste em 4 períodos de duração de 4 minutos com a FC de treinamento entre 85 a 95% da FC pico atingida no teste cardiopulmonar de exercício, intercalados por períodos de recuperação ativa de duração de 3 minutos com a FC de treinamento entre 60 a 70% da FC pico atingida no teste cardiopulmonar de exercício. Análise estatística Os dados são expressos como média ± desvio padrão. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo. A análise quanto à distribuição dos dados foi verificada com o teste de Kolmogorov-Smirnov. A razão do uso de testes não paramétricos decorreu do fato das distribuições das variáveis analisadas não terem apresentado distribuição Gaussiana. O teste de Kruskal-Wallis com o pós-teste de Dunn foi utilizado para a comparação intergrupos. O teste da soma dos postos de Wilcoxon foi utilizado para comparação intragrupos. A análise estatística foi realizada através do programa SPSS 10.0 (SPSS Inc., Chicago Illinois, EUA). Resultados A análise comparativa entre os grupos não apresentou diferenças estatisticamente significantes para avaliação inicial das variáveis do teste cardiopulmonar de exercício. Em contraste com o GC, os grupos treinados apresentaram, após o período de 12 semanas de TFA, aumento com significância estatística do VO 2 pico, da ventilação-minuto (VM) pico e do pulso de oxigênio (PO 2 ) pico (p < 0,05) (Tabela 1). A análise comparativa entre os grupos não apresentou diferenças estatisticamente significantes para avaliação inicial das variáveis da ressonância magnética cardíaca, da deformação miocárdica e da rotação ventricular. 384

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=