ABC | Volume 110, Nº4, Abril 2018

Artigo Original Winter et al Treinamento físico de alta intensidade pós IAM Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):373-380 Tabela 1 – Comparação intragrupo das médias ecocardiográficas da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, do diâmetro diastólico final e do diâmetro sistólico final GRUPO DDF1 DDF2 p DSF1 DSF2 p FEVE1 FEVE2 p GC 0,26 0,13 0,008* 0,17 0,74 0,120 76,10 71,20 0,112 GTC 0,50 0,58 0,741 0,83 0,19 0,422 73,67 71,89 0,579 GTI 0,19 0,88 0,153 0,78 0,01 0,510 70,70 71,50 0,792 GC: grupo controle; GTC: grupo de treinamento contínuo; GTI: grupo de treinamento intervalado; DDF1: diâmetro diastólico final na primeira avaliação; DDF2: diâmetro diastólico final na segunda avaliação; DSF1: diâmetro sistólico final na primeira avaliação; DSF2: diâmetro sistólico final na segunda avaliação; FEVE1: fração de ejeção do ventrículo esquerdo na primeira avaliação; FEVE2: fração de ejeção do ventrículo esquerdo na segunda avaliação; p: valor de p da comparação da FEVE entre as duas avaliações. Teste t de Student, * p < 0,05. O programa de treinamento dos grupos (GTC e GTI) foi composto por um macrociclo de 42 dias, dividido em seis microciclos semanais e 30 sessões de treino (cinco semanais, uma vez ao dia). O método de sobrecarga definido para os dois grupos foi o de volume (aumento do tempo em minutos de natação) a cada semana. Nas duas primeiras semanas de treinamento do GTC os ratos foram submetidos a natação por 10 minutos contínuos. Na terceira e na quarta semana nadaram por 15 minutos, e, nas duas últimas semanas o tempo de treinamento aumentou para 20 minutos contínuos. No GTI, os ratos realizaram, nas duas semanas iniciais, cinco séries de dois minutos de natação com intervalos de dois minutos entre cada série, respeitando a densidade de treinamento 1:1. Na terceira e na quarta semana os ratos nadaram sete séries de dois minutos, mantendo o mesmo tempo de intervalo. Por fim, nas duas últimas semanas, os animais nadaram10 séries de dois minutos cada, mantendo o intervalo. Como medidas de desfecho do trabalho, foram avaliados de forma comparativa, às cegas por outro pesquisador, intra e intergrupos FEVE, DSF, DDF e o efeito de treinamento produzido por meio da análise da curva de lactato. 9 Após o período total de experimento, todos os ratos da amostra foram submetidos à eutanásia com pentobarbital sódico, via endovenosa, na dose de 200 a 250 mg/kg. Análise estatística As variáveis contínuas foram apresentadas em média ± desvio padrão. Para a comparação dos grupos em relação às variáveis quantitativas do estudo, foi considerado o modelo de análise da variância com um fator (ANOVA). Nas comparações múltiplas dos grupos, foi usado o teste de Newman-Keuls. Na comparação entre as duas avaliações, dentro de cada grupo, foi usado o teste t de Student para amostras dependentes. A condição de normalidade das variáveis foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilks. Valores de p < 0,05 indicaram significância estatística. Os dados foram analisados com o programa computacional Statistica v.8.0. Resultados Os resultados obtidos nas avaliações ecocardiográficos (pré- versus pós- treinamento) foram comparados intragrupos e intergrupos, assim como os resultados dos testes de lactato. Os valores das comparações intragrupos e intergrupos das variáveis ecocardiográficas FEVE, DDF e DSF, são descritos nas tabelas 1 e 2, respectivamente. As tabelas 3 e 4 apresentam os valores da comparação intragrupos e intergrurpos, respectivamente, dos resultados do teste de carga incremental de lactato realizados pré- e pós-treinamento. O gráfico 1 mostra os resultados comparativos entre os testes de lactato pré- versus pós-treinamento do GTI, enquanto o gráfico 2 mostra os resultados do GTC. Discussão Os principais achados deste estudo foram: 1) Não houve diferença entre os valores ecocardiográficos mensurados intragrupos e intergrupos quando comparados os períodos pré- e pós-treinamento dos grupos treinamento contínuo e intervalado; 2) Houve piora dos diâmetros diastólicos finais do grupo controle; 3) Os dois grupos submetidos a treinamento apresentaram diferença significativa na produção de lactato quando comparados os período pré- e pós-treinamento: GTI nas cargas L12g, L13,5g e GTC na carga L12g; 4) O GC não apresentou diferença na comparação do lactato produzido nos testes iniciais e finais. A ausência de diferença nas medidas ecocardiográficas quando comparados os períodos pre- e pós-treinamento entre GTI e GTC demonstra que o treinamento de alta intensidade, acima do LL, pode ser uma prática recomendável para esta amostra. Atualmente, as diretrizes nacionais e internacionais, 1,3 recomendam o treinamento de moderada intensidade a pacientes pós-IAM, predominantemente aeróbico (entre os limiares ventilatórios quando avaliados com ergoespirometria), ou seja abaixo do LL. Caso os resultados deste estudo sejam reproduzidos para humanos, estes poderão beneficiar-se deste tipo de treinamento, que produz uma maior perda calórica, melhor condicionamento cardiovascular e por consequência maior controle dos fatores de risco para doença. 11 No entanto, o mesmo não pode ser afirmado para animais com FEVE reduzida, sendo necessária a reprodução do desenho deste estudo para melhor avaliar o impacto do treinamento de alta intensidade sobre o remodelamento ventricular. Faz-se importante ressaltar que uma inadequada sobrecarga de volume/intensidade de treinamento ou prática de exercícios para o coração pode ser avaliada pela alteração da cinética das paredes ventriculares, 12 como foi avaliada Neilan et al., 13 em atletas amadores que concluíram a maratona de Boston e que não estavam devidamente treinados. Estes achados não foram reproduzidos nos grupos treinados neste estudo experimental, o que infere 375

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