ABC | Volume 110, Nº4, Abril 2018

Artigo Original Cartolano et al LAP e tamanho da lipoproteína Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):339-347 lado, o diagnóstico precoce de dislipidemia e mudanças no metabolismo da glicose infelizmente são comuns em adultos jovens. Assim, mais indivíduos seriam beneficiados pela inclusão do LAP no rastreamento e no monitoramento do risco cardiovascular. A segunda limitação foi a avaliação de eventos cardiovasculares prévios por meio de dados clínicos e mudanças no ECG. Apesar de se saber que esses dados não refletem necessariamente a ausência de doença coronária, na prática clínica, os indivíduos não são submetidos a exames complementares, como o teste provocativo para se detectar isquemia miocárdica quando a avaliação inicial indica baixo risco cardiovascular. Em protocolos de rastreamento, o ECG, associado a dados clínicos e bioquímicos complementares, é o primeiro instrumento utilizado devido ao seu baixo custo. No entanto, nós admitimos que não se pode excluir doença cardiovascular nesses indivíduos. E terceiro, os indivíduos incluídos neste estudo estavam usando estatina (27,9%) e fibrato (2,6%). Esses medicamentos têm efeito direto e indireto no metabolismo de lipídios, promovendo mudanças no TG, um componente do LAP. Apesar disso, esses indivíduos estavam recebendo o mesmo tratamento medicamentoso (tipo e posologia) por pelo menos 30 dias antes do estudo. Métodos utilizados para a mensuração de fatores de risco cardiovasculares são geralmente complexos e caros e, por isso, não podem ser usados em estudos de grande escala. O LAP é uma variável cuja mensuração é fácil e de baixo custo, e poderia ser usado para se estabelecer efeitos causais sobre desfechos clínicos. Portanto, espera-se que os resultados positivos de ensaios clínicos e estudos tipo coorte prospectivos possam encorajar a realização de novas abordagens para estimar o risco de DCV. Conclusões Nossos resultados mostraram que o LAP associou-se com um perfil lipoproteico aterogênico em indivíduos brasileiros, incluindo CT, HDL-C, Apo B, subfrações pequenas de HDL e de LDL, e tamanho da LDL. É plausível sugerir que o LAP possa ser um marcador clínico simples e útil para a avaliação de fatores de risco cardiometabólicos. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Cartolano FDC, Freitas MCP, Damasceno NRT; Obtenção de dados: Cartolano FDC, Pappiani C, Freitas MCP; Análise e interpretação dos dados: Cartolano FDC, Pappiani C, Figueiredo Neto AM, Carioca AAF; Análise estatística: Cartolano FDC, Carioca AAF; Obtenção de financiamento: Figueiredo Neto AM; Redação domanuscrito: Cartolano FDC; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Cartolano FDC, Freitas MCP. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pelo INCT-FCX, NAP‑FCX- USP, FAPESP e CNPq. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Flavia De Conti Cartolano pela Universidade de São Paulo. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo sob o número de protocolo 1126/11 e pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo sob o número 2264. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. WorldHealthOrganization. (WHO). Prevention of cardiovascular disease – Guidelines for assessment andmanagement of cardiovascular risk. Geneva; 2007. [Series of Technical Reports]. 2. Upadhyay RK. Emerging risk biomarkers in cardiovascular diseases and disorders. 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