ABC | Volume 110, Nº4, Abril 2018

Artigo Original Cartolano et al LAP e tamanho da lipoproteína Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):339-347 Tabela 1 – Características clínicas e demográficas dos indivíduos por sexo Variáveis Total (n = 351) Homens (n = 132) Mulheres (n = 219) p n % n % n % Idade (anos) ** 52,5 (10,4) 49,4 (11,1) 54,4 (9,6) < 0,001 Tabagismo Não 282 80,3 98 74,2 184 84,0 0,026 Doenças atuais 306 87,2 114 86,4 192 87,7 0,723 Diabetes mellitus 71 20,2 32 24,2 39 17,8 0,146 Hipertensão 200 57,0 75 56,8 125 57,1 0,962 Dislipidemia 192 54,7 72 54,5 120 54,8 0,964 Medicamentos 274 78,1 91 69,8 183 83,6 0,001 Estatinas 98 27,9 28 21,2 70 32,0 0,030 Anti-hipertensivos 181 51,6 64 48,5 117 53,2 0,370 Hipoglicemiantes 73 20,8 29 22,0 44 20,1 0,674 Fibratos § 9 2,6 3 2,3 6 2,7 0,543 História familiar de doenças 320 91,2 122 92,4 198 90,4 0,520 Obesidade 64 18,2 28 21,2 36 16,4 0,262 Hipertensão 228 65,0 83 62,9 145 66,2 0,526 Infarto agudo do miocárdio 100 28,5 38 28,8 62 28,3 0,924 Acidente vascular cerebral 67 19,1 25 18,9 42 19,2 0,956 Diabetes mellitus 134 38,2 49 37,1 85 38,8 0,752 Doença vascular periférica 25 71 8 6,1 17 7,8 0,548 Análise comparativa das variáveis categóricas realizada pelo teste qui-quadrado de Pearson ou o teste exato de Fisher (§) (p < 0,05). ** Dados apresentados em média e desvio padrão. Análise comparativa das variáveis contínuas foi realizada pelo teste t de Student não pareado (p < 0,05) em homens. Esse perfil foi reforçado pelos níveis mais altos de LDL com o aumento do tamanho do LDL em homens (26,9 em homens versus 27,0 em mulheres, p = 0.001) e de fenótipo A em mulheres (52,3% em homens versus 70,8% em mulheres; p = 0.001). Associações ajustadas e não ajustadas (dados brutos) entre LAP e outros parâmetros foram testadas por tercis (Tabela 3). O LAP foi positivamente associado com CT, Apo B, AGNEs, glicose, insulina, e HOMA-IR e, consequentemente, essa associação aumentou com a pontuação do ERF. Surpreendentemente, não houve associação entre LAP e LDL-C. Após vários ajustes quanto a potenciais fatores de confusão (modelos A e B), as associações entre LAP e parâmetros bioquímicos forammantidos, exceto para Apo AI. Além disso, observou-se uma associação positiva entre o acúmulo de gordura central e a porcentagem de subfrações de HDL intermediárias e pequenas tanto na amostra total (Figura 1A) como na amostra estratificada por sexo (Figura 1B, 1C) após ajuste por idade, tabagismo e uso de estatina, fibrato e hipoglicemiantes. Resultados similares foram observados para subfração de LDL pequena, isto é, indivíduos nos tercis mais baixo, no meio e mais alto apresentaram, respectivamente, 1,5%, 2,3% e 7,5% de LDL pequena (p < 0,001) (Figura 2Aii). Diferenças maiores foram observadas nos homens (Figura 1Bi). O tamanho da LDL e a percentagem de HDL grande estiveram negativamente associados com LAP. Na amostra total, essa diferença foi de aproximadamente 10 pontos para HDL grande – 34,2% em T1 e 24,5% em T3 (Figuras 1Ai, Bi, Ci). Associações entre LAP e LDL grande foram observadas entre os homens (Figura 2Bi), mas não na amostra total ou nas mulheres, o que demonstra uma relação sexo-dependente para essa subfração. Discussão Com base neste estudo transversal, o LAP está significativamente associado tanto com biomarcadores cardiovasculares clássicos como novos. Essas associações foram particularmente importantes quando o LAP foi correlacionado com o tamanho das partículas de LDL e HDL. Em um estudo prévio, Kahn & Valdez, 8 avaliaram uma amostra transversal do NHANES III e relataram que indivíduos com CC e TG elevados eram mais propensos a apresentar níveis elevados de HDL-C, Apo B, insulina e glicose. Posteriormente, Kahn, 11 confirmou que o LAP foi superior que o IMC para identificar adultos com diabetes mellitus e predizer desequilíbrio nas variáveis glicometabólicas (HOMA-IR, glicose de jejum, e hemoglobina glicada). Resultados similares foram encontrados em estudos conduzidos em outros países, nos quais LAP foi um melhor marcador de desequilíbrio da glicose e um melhor preditor de diabetes que o IMC. 13-20 O presente estudo confirma que o LAP é sensível para identificar disfunções relacionadas ao metabolismo da glicose, mesmo após ajuste para uso de medicamentos e fatores de confusão. 342

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