ABC | Volume 110, Nº4, Abril 2018

Artigo Original Silva et al Hipotensão postural: análise espectral Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):303-311 Outra associação relacionada com HO é o uso de medicações. Estudo com 189 pacientes com ≥ 75 anos e com HO, a prevalência da mesma foi de 35, 58, 60 e 65% naqueles em uso de nenhum, um, dois, três ou mais medicamentos, respectivamente. Apesar de não incluir apenas anti-hipertensivos, a hidroclorotiazida foi associada com maior prevalência de HO (65%). 33 Análise de coorte de 3775 mulheres com idade entre 60 e 80 anos demonstrou que o uso de três ou mais anti-hipertensivos apresentou 2,2 vezes mais chance de HO em relação ao grupo sem uso de medicação. 34 No presente estudo, houve diferença apenas quanto à porcentagem de uso de IECA naqueles com HO, porém, esse fármaco não foi um preditor de HO, o que pode ser explicado por sua ação na modulação autonômica. 22 Em relação ao diabete, que pode resultar em disfunção autonômica, 4 na população do presente estudo, sua frequência foi de 17,1%, sem diferença entre os grupos com e sem HO e, dessa forma, sem influência nos resultados. Conforme relatado anteriormente, as manifestações clínicas da HO, que podem levar a quedas, fraturas, pré-síncope e síncope, resultam em importante comprometimento funcional na população idosa, quadro definido como síndrome da fragilidade. 3-5 Na presente investigação, os sintomas prévios, como tontura, pré-síncope e síncope ocorreram em maior número de pacientes do grupo-caso e, segundo a literatura, podem ser associados com a síndrome de fragilidade e menores valores de PA com o ortostatismo. 4,35 Há escassa literatura sobre a associação entre fragilidade e perfil de risco de doença cardiovascular. Estudo com 1622 homens idosos, com idades entre 71 e 92 anos, demonstrou que a fragilidade esteve associada ao aumento de fatores de risco, como circunferência de cintura, perfil lipídico e HAS, apesar de semelhante prevalência desses fatores entre idosos frágeis e não frágeis. Não foram calculados os escores de risco cardiovascular, mas essa associação foi independente de doença cardiovascular estabelecida. 36 No presente estudo, os idosos foram avaliados quanto ao risco cardiovascular, por meio dos escores de Framingham 14 e de PROCAM. 15 No entanto, não houve diferença entre os grupos, destacando‑se que há um limite máximo de 75 anos para a pontuação em relação à idade pelos escores. Limitações As principais limitações deste estudo são o número de pacientes incluídos e a sua avaliação em um único momento, não sendo possível verificar a reprodutibilidade dos resultados quanto à VFC. O uso de pletismografia digital para aquisição dos níveis pressóricos na posição ortostática poderia permitir a detecção precoce de HO. Além disso, não foi avaliado o componente de muito baixa frequência (Very Low Frequency - VLF), relacionado ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, à termorregulação e ao tônus vasomotor periférico. Conclusões Na população estudada, houvemenor valor do componente LF e da FC na posição supina entre os pacientes comHO, sem influência do gênero, dos níveis pressóricos na posição supina e do uso de betabloqueador. O preditor independente para HO foi a FC na posição supina, a qual apresentou razão de chance de 3,23 se inferior a 61 bpm. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa e Análise estatística: Silva RMFL; Obtenção de dados, Análise e interpretação dos dados: Silva RMFL, Miranda CES, Barbosa MT, Bicalho MAC; Redação do manuscrito: Silva RMFL, Miranda CES; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Silva RMFL, Miranda CES, Barbosa MT. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Carlos Eduardo de Souza Miranda pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto da Universidade Federal de Minas Gerais. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Pesquisa da UFMG sob o número de protocolo 01933812.0.0000.5149. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. Moya A, Sutton R, Ammirati F, Blanc JJ, Brignole M, Dahm JB, et al; Task Force for the Diagnosis and Management of Syncope; European Society of Cardiology (ESC);EuropeanHeartRhythmAssociation (EHRA);HeartFailure Association (HFA);HeartRhythmSociety (HRS).Guidelines fordiagnosisand management of syncope (version 2009). Eur Heart J. 2009;30(21):2631-71. doi: 10.1093/eurheartj/ehp298. 2. Freeman R,WielingW, Axelrod FB, Benditt E, Benarroch E, Biaggioni I, et al. Consensus statement on the definition of orthostatic hypotension, neurally mediated syncope and the postural tachycardia syndrome. Clin Auton Res. 2011;21(2):69-72. doi: 10.1007/s10286-011-0119-5. 3. Ricci F, Fedorowski A, Radico F, Romanello M, Tatasciore A, Di Nicola M, et al. Cardiovascular morbidity and mortality related to orthostatic hypotension: ameta-analysis of prospective observational studies. Eur Heart J. 2015;36(25):1609-17. doi: 10.1093/eurheartj/ehv093. 4. RicciF,DeCaterinaR,FedorowskiA.Orthostatichypotension:epidemiology, prognosis, and treatment. J Am Coll Cardiol. 2015;66(7):848-60. doi: 10.1016/j.jacc.2015.06.1084. 5. Finucane C, Kenny RA. Falls risk, orthostatic hypotension, and optimum blood pressure management: is it all in our heads? Am J Hypertens. 2017;30(2):115-7. doi: 10.1093/ajh/hpw129. Referências 310

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