ABC | Volume 110, Nº4, Abril 2018

Artigo Original Silva et al Hipotensão postural: análise espectral Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):303-311 Estudos prévios apresentaram resultados distintos quanto à prevalência de HO e sua associação com o gênero, conforme a faixa etária e o cenário de investigação. Em pesquisa feita na década de 1990, Rutan et al., 17 avaliaram uma população de 5201 idosos (≥ 65 anos), na qual a prevalência de HO foi de 18,2%, não sendo identificada diferença entre os gêneros. Entre pacientes hospitalizados por HO, a proporção foi maior nos homens, com 55,3% na faixa etária de 65 a 74 anos, porém houve 54% de mulheres entre os pacientes com idade ≥ 75 anos, com número total de 15 858 internações por HO durante um ano. 18 Na população analisada, houve predomínio de homens no grupo de pacientes com HO, porém o coeficiente de correlação de Spearman foi de 0,27, ou seja, de pequena magnitude, permitindo interpretar que não houve diferença estatística entre os grupos em relação ao gênero. Além disso, o gênero não foi preditor de HO na análise multivariada. Estudos demonstram a importância da elevação da FC na posição ortostática, sua associação commaior atividade simpática e com maior tolerância ortostática. 19 Contudo, o papel da FC na posição supina em pacientes portadores de HO ainda não foi bem estabelecido. Alterações do tônus autonômico, 13 assim como a disfunção do nó sinusal, 20 podem estar relacionadas à redução da FC supina empacientes idosos, independentemente da existência de HO. Na população estudada, quando analisada essa variável, a mediana da FC supina do grupo caso foi significativamente menor do que a do grupo controle. Além das possíveis alterações já descritas, outro fator que poderia estar relacionado à diferença entre os grupos seria o uso de betabloqueadores. Esses fármacos apresentam efeito cronotrópico negativo, causando redução da FC. 21 Porém, no presente estudo, não houve diferença entre os grupos em relação ao uso da maioria desses fármacos. Houve diferença quanto ao uso de IECA, os quais diminuema resistência vascular, entretanto, sem efeito importante sobre a FC, apesar da recuperação do tônus parassimpático como fármaco empacientes hipertensos. 22 Diante disso, a análise da VFC foi importante para o estudo do comportamento da FC supina nos idosos com HO. Com a mudança de posição, em toda a população, houve diminuição do componente HF e aumento da relação LF/HF, Tabela 3 – Comparação entre os grupos caso e controle quanto à análise espectral da frequência cardíaca Variáveis Grupo-caso Mediana (Q1 – Q3) Grupo-controle Mediana (Q1 – Q3) Valor de p LF supina (ms 2 ) 157,0 (83,6 – 323,3) 275,0 (164,0 – 439,5) 0,014 HF supina (ms 2 ) 111,0 (50,5 – 368,5) 141,0 (65,0 – 342,5) 0,873 LF/HF supina (ms 2 ) 1,5 (0,7 – 2,4) 1,8 (0,9 – 4,1) 0,054 LF ortostatismo (ms 2 ) 161,5 (71,5 – 333,6) 242,0 (128,5 – 375,0) 0,075 HF ortostatismo (ms 2 ) 66,0 (29,0 – 229,5) 91,0 (33,5 – 247,1) 0,898 LF/HF ortostatismo (ms 2 ) 1,8 (1,0 – 3,3) 2,4 (1,2 – 6,1) 0,096 DP: desvio padrão; LH: low frequency; HF: high frequency; LH/HF: relação entre os componentes; ms: milissegundos. Teste de Mann-Whitney; Q1: 25º percentil; Q3: 75º percentil. Figura 1 – Análise espectral de paciente masculino de 67 anos, com hipotensão ortostática, na posição supina. RR: número de complexos QRS em ritmo sinusal; VLF: very low frequency; LF: low frequency; HF: high frequency; HFnu: HF normalized unit. 18000 13500 4500 9000 0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Frequência (c/b) Duração: 5 min RRs usados: 188 corrigidos: 0 RR média: 1135 ms 53 bpm Pot. Total: 1579 VLF Power: 906 (0,00–0,04)Hz LF Power: 434 (0,04–0,15)Hz LFnu: 64,6 HF Power: 237 (0,15–0,40)Hz HFnu: 35,2 LF/HF: 1,83 307

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