ABC | Volume 110, Nº3, Março 2018

Artigo de Revisão Implicações Práticas da Pesquisa de Viabilidade Miocárdica Practical Implications of Myocardial Viability Studies Wilter dos Santos Ker, 1 Thais Helena Peixoto Nunes, 1 Marcelo Souto Nacif, 2 Claudio Tinoco Mesquita 1 Setor de Medicina Nuclear - Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) - Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ - Brasil 1 Serviço de Radiologia - Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) - Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ – Brasil 2 Palavras-chave Sobrevivência de Tecidos; Diagnóstico por Imagem; Revasculariza ão Miocárdica / cirurgia; Miocárdio Atordoado / fisiopatologia. Correspondência: Wilter dos Santos Ker • Rua Aroazes, 180, Apt 903. CEP 22775-060, Jacarepaguá, Rio de Janeiro, RJ – Brasil E-mail: wiltersker@hotmail.com Artigo recebido em 22/08/2017, revisado em 16/11/2017, aceito em 12/12/2017 DOI: 10.5935/abc.20180051 Resumo Diversos m todos não invasivos, como novos exames de imagem, vem sendo aprimorados, a fim de somar esfor os com os atuais em estimar o prognóstico de pacientes pós-injúria miocárdica. Este prognóstico proporcional à viabilidade miocárdica, a qual tem sua avalia ão reservada para pacientes portadores de doen a arterial coronariana e insuficiência ventricular esquerda. Enquanto a viabilidade miocárdica se mostra como a capacidade de recupera ão funcional do músculo com disfun ão por redu ão de oxigênio fornecido por art rias coronárias obstruídas, a hiberna ão consiste na própria recupera ão funcional após interven ões. Este artigo propõe uma revisão sobre as bases fisiopatológicas do processo de viabilidade, m todos diagnósticos disponíveis, prognóstico e perspectivas para o futuro acerca dessa condi ão. Realizou-se pesquisa de busca bibliográfica informatizada em bases eletrônicas de dados, como PubMed, Lilacs, Cochrane e Scielo, onde foram selecionados os estudos de acordo com crit rios pr -determinados. Os estudos demonstram a capacidade de várias t cnicas de imagem de identificar tecido viável em regiões disfuncionais do ventrículo esquerdo em decorrência de lesões em art rias coronárias. Estas t cnicas podem identificar pacientes com potencial benefício da revasculariza ão miocárdica e orientar o tratamento mais adequado. Introdução A avalia ão de viabilidade miocárdica por m todos não invasivos de imagem, fomenta atualmente diversas pesquisas, na busca pelos padrões de exames mais promissores e detentores de alta sensibilidade. Os resultados revelam a importância de uma avalia ão correta dessa condi ão, indispensável para estratifica ão de risco e sele ão de pacientes aptos à revasculariza ãomiocárdica. Por conta de a fun ão cardíaca não ser uma variável dicotômica, alguns de seus aspectos medidos por meio de uma imagem podem não ser mensuráveis por outro m todo de avalia ão. Quando observados isoladamente, parâmetros como fra ão de eje ão, tamanho de cicatriz, da isquemia e da remodela ão, al m da dura ão da disfun ão são úteis na orienta ão da estrat gia terapêutica. 1,2 Um estudo piloto, 3 por m, trabalhou uma abordagem multimodal de viabilidade, o que demonstrou maior valor dessas variáveis quando analisadas em combina ão, pois permitem caracteriza ão mais fidedigna da fun ão do miocárdio. Por falta de maiores estudos, exames de imagem baseados em avalia ão multimodal ainda não são recomendados. Cabe ressaltar que, mesmo a presen a de miocárdio viável em grande área cardíaca sendo fator importante na decisão da revasculariza ão, essa deve ser baseada na clínica apresentada pelo paciente, na evidência de isquemia, anatomia coronária e na fun ão global e regional do ventrículo esquerdo (VE). 4 A detec ão da viabilidade miocárdica um desafio frequente e de expressiva importância clínica, pois pode ser necessária em pacientes com o uso de terapia trombolítica pós-infarto, al m de auxiliar certos cirurgiões e cardiologistas no estabelecimento de melhor conduta terapêutica entre estrat gia intervencionista, angioplastia ou uso de revasculariza ão miocárdica. 5 Esta avalia ão vem a ser especialmente importante nos casos em que a revasculariza ão miocárdica considerada, haja vista as elevadas taxas de mortalidade e morbidade perioperatórias desses pacientes. 6 T cnicas com base na Medicina Nuclear possuem grande sensibilidade na investiga ão de viabilidade, enquanto as t cnicas responsáveis por avaliar reserva contráctil apresentam maior especificidade na avalia ão. Alguns m todos de imagem, como tomografia computadorizada (TC), tomografia por emissão de pósitrons (PET), cintilografia miocárdica, ecocardiograma com dobutamina e ressonância magn tica cardíaca (RMC) têm seus resultados exaustivamente pesquisados, na tentativa de reconhecimento do melhor m todo para investiga ão miocárdica. 7 Fisiopatologia A viabilidade miocárdica refere-se aos cardiomiócitos vivos após injúria miocárdica, de acordo com fun ão microscópica celular, metabólica e contrátil. O miocárdio dito viável quando apresenta disfun ão ventricular sem necrose tecidual, o que garante sua capacidade de recupera ão funcional após a normaliza ão do suprimento vascular. Dentro desse contexto, “miocárdio atordoado” e o “miocárdio hibernante” são subdivisões que, apesar de apresentarem características diferentes, a hiberna ão pode ser uma adapta ão aos repetitivos episódios do chamado “miocárdio atordoado”, segundo Chareonthaitawee et al. 8 (Figura 1). 278

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