ABC | Volume 110, Nº3, Março 2018

Artigo Original Almeida Junior et al BNP, eco e avaliação clínica na insuficiência cardíaca Arq Bras Cardiol. 2018; 110(3):270-277 Tabela 1 – Características clínicas e demográficas dos pacientes Características n 43 Idade (anos) 69,9 ± 11,1 Sexo (masculino %) 76 Peso 75,3 ± 17,1 Índice de massa corporal (kg/m 2 ) 26,5 ± 5,2 Etiologia Isquêmica 28 (65,1) Idiopática 7 (16,2) Hipertensiva 3 (6,9) Valvular 4 (9,3) Outras 1 (2,3) Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%) 25,6 ± 8,0 Peptídeo natriurético do tipo B (pg/mL) 1057,39 ± 1024,21 Ureia (mg/dL) 60,7 ± 23,4 Creatinina (mg/dL) 1,3 ± 0,4 Sódio (mEq/L) 135,9 ± 5,4 Potássio (mEq/L) 4,1 ± 0,5 Hemoglobina (g/dL) 11,8 ± 1,9 Tabela 2 – Frequência dos sinais físicos de descompensação da insuficiência cardíaca Sinal físico Frequência (n) S3 19 TJP 8 RHJ 12 Estertores 27 Edema 12 Ascite 1 Hepatomegalia 12 S3:terceirabulha;TJP:turgência jugularpatológica;RHJ:refluxohepatojugular. diástole (E), resultou na razão E/E'. A PAE foi estimada pela fórmula: PAE: 1,24 x (E/E’) + 1,9. O aumento da pressão de enchimento do VE foi definido como PAE ≥ 15 mmHg. Ainda que pacientes com níveis inferiores a 15 mmHg possam ter congestão, níveis ≥ 15 mmHg têm maior especificidade para pressão de enchimento do VE aumentada. Avaliou‑se a FEVE pelo m todo de Simpson. Análise estatística A estatística descritiva foi expressa como frequência (%) para as variáveis categóricas. As variáveis contínuas de distribui ão normal foram apresentadas como m dia ± desvio-padrão, enquanto as variáveis contínuas de distribui ão não normal foram apresentadas como mediana e intervalo interquartil (IIQ). As medidas de desempenho diagnóstico (sensibilidade, especificidade, acurácia, valores preditivos positivo e negativo) foram usadas para avaliar a utilidade diagnóstica dos sinais de exame físico de insuficiência cardíaca e/ou BNP para prever PAE ≥ 15 mmHg (definida como indicação de elevação da pressão de enchimento do VE). Usou-se o teste de Spearman para analisar a correla ão entre variáveis de distribui ão não normal. Adotou-se o nível de significância de 5%. Para determinar o melhor ponto de corte para o BNP para estimar a eleva ão na PAE, construiu-se uma curva receiver operating characteristic (ROC). Elaborou-se o escore clínico (EC) atribuindo-se 1 ponto a cada sinal positivo de insuficiência cardíaca descompensada (elevada turgência jugular, refluxo hepatojugular, hepatomegalia, estertores pulmonares ou edema). Considerou-se positivo o EC ≥ 2 pontos, de acordo com a análise da curva ROC. Para avaliar a capacidade do exame físico e dos testes diagnósticos não invasivos para prever PAE elevada (≥ 15 mmHg), modelos separados foram construídos usando combina ão de EC, EC + radiografia de tórax, EC + radiografia de tórax + BNP > 400 pg/mL, e finalmente EC + radiografia de tórax + BNP > 1000 pg/mL (com base no ponto de corte ótimo do BNP). Cada um desses testes diagnósticos foi dicotomizado e comparado para determinar o valor preditivo incremental. As análises estatísticas foram realizadas usando o programa SPSS  (SPSS Inc, Chicago, IL, EUA). Resultados Características dos pacientes Este estudo incluiu 43 pacientes, amaioria do sexomasculino (75%), idosa (69,9 ± 11,1 anos) e com ICAD de etiologia isquêmica (65%). Os níveis m dios de creatinina s rica e de BNP eram 1,3 ± 0,4 mg/dL e 1057 ± 1024 pg/mL, respectivamente. A Tabela 1 mostra as características clínicas e demográficas dos pacientes, que, em sua totalidade, apresentavamclasse funcional NYHA III (10,7%) ou IV (89,3%), em dia de FEVE de 25±8,0%. Nove pacientes tinham PAE < 15 mmHg na avalia ão ecocardiográfica. O sinal mais frequente de descompensa ão foi a presen a de estertores (27 pacientes), seguindo-se S3 (19 pacientes), edema, hepatomegalia e refluxo hepatojugular (12 pacientes cada). A Tabela 2 mostra a prevalência de todos os sinais clínicos. Acurácia dos sinais clínicos para predizer aumento da pressão de enchimento do VE Eleva ão da pressão venosa jugular foi o sinal clínico mais específico (88%) para predizer PAE ≥ 15 mmHg, sendo a presen a de estertores o sinal clínico menos específico (33%). A Tabela 3 mostra a acurácia de cada sinal para predizer PAE ≥ 15 mmHg. A combinação de quaisquer dois sinais de congestão tem a melhor acurácia para predizer eleva ão da PAE, de acordo com a curva ROC. Acurácia da radiografia de tórax e do BNP para predizer elevação da pressão de enchimento do VE Níveis de BNP > 400 pg/mL apresentaram capacidade diagnóstica subótima para estimar congestão. A Figura 1 ilustra a fraca correla ão entre BNP e PAE avaliada na ecocardiografia. 272

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