ABC | Volume 110, Nº3, Março 2018

Artigo Original Lemos et al Exercício melhora as arteríolas esplênicas em SHR Arq Bras Cardiol. 2018; 110(3):263-269 duraram 15 minutos. O efeito simpático foi considerado como a diferen a entre a FC após bloqueio simpático e a FC de repouso. O efeito vagal foi calculado como a diferen a entre a FC após bloqueio vagal e a FC de repouso. O índice simpatovagal foi obtido como a razão entre a FC de repouso e a FCi, considerando ser a FCi aquela obtida após duplo bloqueio autônomo. 16 Análise da morfometria arteriolar esplênica Todos os animais foram anestesiados com pentobarbital sódico e sacrificados com uma dose letal de cloreto de potássio. Seus ba os foram então removidos e imersos em solu ão salina (0,9%) para retirar o excesso de sangue. Logo depois, foram pesados em uma balan a semi-analítica Gehaka BG2000 ® , clivados e o material colocado em um recipiente de vidro esterilizado com solu ão de formaldeído a 10% e posteriormente desidratado em etanol a 80%, 90% e 95% e submetido a diafaniza ão com xilol. A seguir, o material foi colocado em recipientes contendo parafina líquida a 60°C e incluído em blocos. Cortes histológicos de 2 µm foram realizados com um micrótomo, sendo o material montado em lâminas de vidro e corado com tricrômico de Masson. As áreas das camadas interna e externa de cada arteríola foram quantificadas usando-se o microscópio ótico comum para capturar as imagens e o programa imageJ para checar a área de cada camada. Ao final da quantifica ão da área de cada camada, obteve-se a espessura de cada arteríola. Análise estatística Os testes de Shapiro-Wilks e Levene foram usados para avaliar a normalidade e a homogeneidade da amostra. Os resultados foram expressos como m dia ± desvio-padrão (para variáveis de distribui ão normal) ou mediana com os quartis superior e inferior (para variáveis de distribui ão não normal). Para os dados param tricos, usou-se ANOVA de duas vias (etiologia vs. interven ão), e ainda o teste de Tukey para uma análise post-hoc . Os dados não param tricos foram analisados com o teste de Mann‑Whitney. Utilizou‑se o coeficiente de Pearson para testar a correla ão entre o efeito simpático e a área da espessura da camada externa da parede e a área da espessura total. Valores de P < 0,05 foram considerados estatisticamente significativos. As análises foram realizadas usando-se o programa SigmaStat®, v. 2.03 (SPSS, Chicago, IL, EUA). Resultados Os SHR S apresentarammaior FC de repouso emcompara ão aos WKY S (p<0,001). Como esperado, os dois grupos treinados apresentaram maior bradicardia de repouso do que os seus respectivos grupos sedentários (p < 0,001; Figura 1A). O treinamento físico tamb m reduziu a PAS basal (p < 0,001; Figura 1B), a PAM (p < 0,001; Figura 1C) e a PAD (p < 0,001; Figura 1D) nos animais hipertensos em compara ão ao seu respectivo grupo sedentário. Os SHR S apresentaram níveis pressóricos mais elevados do que os WKY S (p < 0,001) e os WKY T (p < 0,001). Após o treinamento de nove semanas, a PA foi similar nos WKY T e WKY S . Para avaliar a influência do exercício crônico no controle autônomo do cora ão, realizamos bloqueio autônomo vagal e simpático com inje ões de atropina e propranolol, respectivamente, para calcular os efeitos vagal (Figura 2A) e simpático (Figura 2B), assim como o índice simpatovagal (Figura 2C) e FCi (Figura 2D). Não houve diferen a no efeito vagal entre os grupos hipertensos. No entanto, o grupo WKY T evidenciou um maior efeito vagal do que o grupo WKY S (p < 0,05). Os dois grupos hipertensos apresentaram menor efeito vagal em compara ão com seus respectivos grupos normotensos (p < 0,001). Al m disso, não houve diferen a no efeito simpático entre os grupos normotensos (p = 0,563). Por outro lado, o grupo SHR T mostrou menor efeito simpático do que o grupo SHR S (p = 0,005). Os dois grupos normotensos apresentaram menor efeito simpático em compara ão aos seus respectivos grupos hipertensos (p < 0,001). O índice simpatovagal foi mais baixo no grupo SHR T do que no SHR S (p < 0,05). Não se observou diferen a entre os grupos quanto à FCi. A análise morfom trica após o processamento histológico revelou profundas mudan as no perfil microcirculatório do ba o induzidas pelo treinamento nos animais hipertensos (Tabela 1). Como esperado, as arteríolas esplênicas dos hipertensos apresentaram parede mais espessa do que as arteríolas dos normotensos (p < 0,001). A despeito disso, nos ba os analisados dos SHR, o treinamento físico mostrou-se efetivo para normalizar a rela ão parede/lúmen da arteríola de SHR T em compara ão com a de SHR S (p < 0,001). O grupo SHR S tamb m apresentou maior espessura da camada externa da parede em compara ão aos grupos WKY S e WKY T (p < 0,001). Após o protocolo de treinamento físico, o grupo SHR T mostrou redu ão da espessura da camada externa da parede em compara ão ao grupo SHR S (p < 0,001). Resultados similares foram observados na espessura total. O grupo SHR S teve maior espessura total das arteríolas esplênicas do que os grupos normotensos (p<0,005). Al mdisso, o grupo SHR T evidenciou uma atenua ão na espessura total das arteríolas esplênicas em compara ão ao grupo SHR S (p < 0,005). Análise adicional mostrou uma significativa associa ão entre efeito simpático e espessura da camada externa da parede (r = 0,67; p < 0,005; Figura 3A), efeito simpático e espessura total (r = 0,52; p < 0,05; Figura 3B), índice simpatovagal e espessura da camada externa da parede (r = 0,72; p < 0,001; Figura 3C) e índice simpatovagal e espessura total (r = 0,64; p < 0,005; Figura 3D). Discussão Nossos principais achados confirmam a eficácia do treinamento físico para atenuar a hiperatividade simpática e para reduzir a PA em animais hipertensos, mostrando, al m disso, que o efeito de redu ão simpática induzido pelo treinamento se associou com normaliza ão do diâmetro da art ria esplênica anormal, diminuindo o grau de lesão vascular no ba o. A análise morfom trica dos pequenos vasos empregada no presente estudo revelou que os ajustes vasculares esplênicos são específicos para o grupo SHR T . Está bem documentado que o exercício físico crônico atenua a hiperatividade simpática 10 e a lesão arteriolar na hipertensão. 17 At onde sabemos, entretanto, este um dos primeiros relatos a evidenciar a associa ão entre a redu ão da lesão na arteríola esplênica e a atividade simpática. 265

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