ABC | Volume 110, Nº3, Março 2018

Artigo Original Rodrigues et al Treinamento aeróbico em camundongos β 1ARKO Arq Bras Cardiol. 2018; 110(3):256-262 Figura 2 – Contratilidade celular. A) Encurtamento. B) Velocidade de encurtamento. C) Velocidade de relaxamento. WTc, wild-type controle (n = 7; N = 14-39 células de cada camundongo); WTt, wild-type treinado (n = 6; N = 8-27 células de cada camundongo); β1ARKOc, nocaute para β1-AR controle (n = 7; N = 24-31 células de cada camundongo); β1ARKOt, nocaute para β1-AR treinado (n = 6; N = 17-29 células de cada camundongo). Valores expressos como média ± desvio-padrão. *p < 0,05 vs. grupo WTc; §p < 0,05 vs. grupo WTt; #p < 0,05 vs. grupo β1ARKOc. 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 0 Encurtamento (% r.c.l.) * * #§ § A B 240 210 180 150 120 0 Tempo para atingir o pico (ms) C 140 120 100 80 60 0 WTc WTt B1c B1t Tempo para atingir 50% (ms) que poderia ajudar a preservar a fun ão cardíaca. 36 Ainda que não avaliado aqui, um aumento da responsividade inotrópica dos cardiomiócitos de ratos atrav s de estimula ão α 1 -AR foi descoberto como uma adapta ão ao treinamento aeróbico. 37,38 Al m disso, o potencial papel terapêutico de α 1 -AR para manter a fun ão cardíaca normal, especialmente em termos de comprometimento da via de sinaliza ão β 1 -adren rgica, foi proposto em estudos pr vios. 37-40 Segundo, o EACM pode ter reduzido a responsividade dos β 2 -AR nos miócitos de camundongos β 1 ARKO. Quando há redu ão da liga ão de β 2 -AR com a proteína G i , o efeito inibitório do receptor para a ativa ão da adenilato ciclase tamb m reduzido, 5 aumentando a produ ão de AMPc e a fosforila ão das proteínas envolvidas na excita ão-contra ão do cardiomiócito. 6 Os tempos de contra ão e relaxamento do miócito do VE de camundongos β 1 ARKO foram tamb mmelhorados pelo EACM, indicando melhores fun ões sistólica e diastólica. As proteínas reguladoras do Ca 2+ modulam as propriedades mecânicas do cardiomiócito. Enquanto a contra ão mais rápida do miócito está associada com maior densidade ou atividade dos canais de Ca 2+ tipo L e RyR 2 , relaxamento mais rápido depende do aumento de atividade e/ou densidade de SERCA2a, PLB e NCX. 6 Ainda que não medido no presente estudo, o EACM pode ter melhorado o saldo das proteínas envolvidas na mobiliza ão do Ca 2+ cardíaco em camundongos β 1 ARKO. Tais adapta ões foram demonstradas anteriormente em um modelo diferente para hiperatividade simpática. 8,16 Al m disso, treinamento físico de resistência pode ter reduzido a razão β / α ‑MHC, 20 que ajudaria a explicar o aumento das velocidades de contra ão e relaxamento dos miócitos do VE. Recentemente, o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) surgiu como umm todo que traz significativos benefícios para a fun ão cardíaca. Por exemplo, camundongos submetidos ao HIIT apresentaram maior fun ão contrátil do cardiomiócito ao aumentar a expressão e a atividade das proteínas reguladoras do ciclo do cálcio, em compara ão àqueles submetidos ao EACM. 41-43 É, portanto, possível que cardiomiócitos de camundongos β 1 ARKO sejam mais responsivos ao HIIT. No presente estudo, entretanto, escolhemos o EACM, pois seus efeitos sobre a contratilidade de cardiomiócito isolado em camundongos β 1 ARKO não são conhecidos. Acreditamos que estudos futuros usando HIIT obterão achados interessantes nesse modelo animal. Este estudo tem limita ões. Primeiro, usamos camundongos com nocaute global e podem ter ocorrido altera ões sistêmicas que confundamos efeitos do exercício; tais resultados, portanto, têm que ser interpretados com cautela. Segundo, embora os animais WTt tenham melhorado sua capacidade de exercício, inesperadamente seus miócitos do VE apresentaram menor encurtamento do que os dos camundongos WTc. Tal achado intrigante, e, infelizmente, não podemos explicá-lo. Conclusão O treinamento com EACM melhora a contratilidade do miócito do VE de camundongos β 1 ARKO. Tal achado tem potenciais implica ões clínicas e confirma o valor terapêutico desse tipo de treinamento físico para o tratamento de doen as cardíacas envolvendo dessensibiliza ão ou redu ão de β 1 -AR. Contribuição dos autores Concep ão e desenho da pesquisa: Rodrigues AC, Natali AJ, Brum PC, Prímola-Gomes TN; Obten ão de dados: Rodrigues AC, Cunha DNQ, Costa AJLD, Moura AG; Análise e interpreta ão dos dados: Rodrigues AC, Natali AJ, Carneiro‑Júnior MA, Prímola‑Gomes TN; Análise estatística: Rodrigues AC, F lix LB; Reda ão do manuscrito: Rodrigues AC, Natali AJ, Prímola-Gomes TN; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Natali AJ, Prímola‑Gomes TN. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. 260

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