ABC | Volume 110, Nº3, Março 2018

Artigo Original Scherr et al Risco Cardiovascular em Adolescentes Atletas Arq Bras Cardiol. 2018; 110(3):248-255 Tabela 2 – Características clínicas e metabólicas dos alunos das escolas Fernando Pimentel (FP) e Ginásio Experimental Olímpico (GEO) FP (N = 148) GEO (N = 274) Valor de p* N % N % Estado nutricional (IMC) Magreza - - 2 0,8 Eutrófico 77 59,2 165 62,0 0,531 Sobrepeso 33 25,4 64 24,1 Obesidade 20 15,4 35 13,2 0,567 Desconhecido 18 12,2 8 2,9 Pressão arterial Normotensão 93 71,5 235 87,0 Pré-hipertensão 10 7,7 18 6,7 0,691 Hipertensão 26 20,0 17 6,3 < 0,01 Desconhecido 19 12,8 4 1,5 Glicemia capilar Desejável (< 101 mg/dL) 147 100 260 99,6 1,000 Limítrofe (101-116 mg/dL) - - 1 0,4 Elevado (≥ 117 mg/dL) - - - - Desconhecido 1 0,7 13 4,7 Colesterol total Desejável (< 170 mg/dL) 102 68,9 215 79,0 0,021 Limítrofe (170-199 mg/dL) 41 27,7 47 17,3 0,012 Elevado (≥ 200 mg/dL) 5 3,4 10 3,7 0,875 Desconhecido - - 2 0,7 Triglicerídeos Desejável (< 90 mg/dL) 76 51,4 89 50,3 0,848 Limítrofe (90-129 mg/dL) 42 28,4 37 20,9 0,118 Elevado (≥ 130 mg/dL) 30 20,3 51 28,8 0,076 Desconhecido - - 97 35,4 Dados apresentados como valor absoluto (percentual). IMC: índice de massa corporal. *Valor de p obtido por teste qui-quadrado. Discussão Uma elevada prevalência de fatores de risco cardiovasculares foi demonstrada entre os adolescentes avaliados no nosso estudo, especialmente no que diz respeito aos valores de lipidograma capilar, taxas de sobrepeso/obesidade e hipertensão arterial. Na amostra total, aproximadamente 50% dos adolescentes apresentaram TG acima dos níveis desejáveis (limítrofe/elevado), 25% CT acima dos níveis desejáveis (limítrofe/elevado), 40% sobrepeso/obesidade e 17% pr -hipertensão/hipertensão. Esses dados corroboram as evidências atuais de que, no Brasil, embora a desnutri ão seja importante, a obesidade e o sobrepeso vêm aumentando significativamente. Estudos pr vios demonstraram que cerca de 23% das crian as entre 6 e 12 anos e 21 % entre 12 e 17 anos são obesas, sendo esse aumento na prevalência de obesidade atribuído a fatores ambientais e socioculturais. 12 Um estudo transversal com 154 estudantes entre 10 e 17 anos de idade realizado em escolas do estado do Paraná utilizou análise de dados antropom tricos, medida da circunferência abdominal e pressão arterial e concluiu haver associa ão de obesidade abdominal com aumento da pressão arterial neste grupo. 13 Scherr et al., 14 evidenciaram a grande diferen a dos valores do CT quando comparadas crian as de escolas particulares com públicas ou filantrópicas na faixa etária m dia de 9 anos de idade. Neste estudo, 23% dos meninos e meninas das escolas privadas e somente 4% nas públicas/filantrópicas apresentavam CT acima de 190 mg/dL. Uma das possíveis explica ões para tal diferen a seria a intensidade de atividade física e a presen a de supervisão nutricional nas últimas. 14 O controle de fatores de risco cardiovasculares desde a infância e adolescência tem sido preconizado mundialmente, uma vez que estudos sugerem fortemente que a presen a de fatores de risco desde a infância irá influenciar a saúde cardiovascular na vida adulta. 15 Dados do Bogalusa Heart Study mostramque a presen a de excesso de tecido adiposo e HAS na infância e adolescência estão relacionados commais hipertrofia miocárdica e, por consequência, maior risco cardiovascular. 16 Al m disso, o baixo nível de atividade física na adolescência pode estar associado a um maior risco de acidente vascular cerebral no futuro, enquanto que a participa ão em atividade física nessa fase está relacionada a menor risco futuro de doen a cardiovascular, câncer e mortalidade geral. 17,18 Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Crump et al., 19 emumgrupo demilitares no final da adolescência acompanhados por 43 anos. Quando comparados os tercis extremos verificou-se que aqueles com maior IMC e menor capacidade aeróbica estavam associados com risco maior de desenvolver hipertensão na fase adulta. 19 Por sua vez, no estudo 251

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