ABC | Volume 110, Nº3, Março 2018

Artigo Original De-Paula et al Impacto da asma na função ventricular Arq Bras Cardiol. 2018; 110(3):231-239 inspiratória. O teste de endurance foi similar nos grupos controle e asmático. No entanto, a dispneia de esfor o avaliada no fim do teste de endurance foi significativamente mais intensa no grupo com asma, sugerindo que essa variável pode ter um valor discriminatório entre indivíduos sadios e aqueles com asma quando submetidos ao mesmo nível de sobrecarga muscular inspiratória. Existe um número de fatores determinantes da endurance muscular inspiratória, tais como for a e dura ão da contra ão, velocidade de encurtamento, rela ão entre pressão inspiratória basal (PI) e PImax (PI/PImax) e o padrão de fluxo inspiratório adotado pelos pacientes durante a avalia ão. 28 Mais estudos são necessários para esclarecer o maior escore de dispneia no grupo com asma. O TC6M considerado um m todo seguro, e de fácil administra ão para avalia ão da capacidade submáxima no exercício emcrian as e adolescentes saudáveis, 29 e naquelas com doen as respiratórias. 30-32 Similar aos resultados de Basso et al., 31 e Soares et al., 27 no presente estudo, não houve diferen a entre os grupos na distância percorrida ou nas variáveis cardiovasculares analisadas antes e após o TC6M. Do mesmo modo, os estudos utilizando outros m todos de avalia ão da capacidade funcional, tais como, o shuttle walking test 33 e o teste de exercício cardiopulmonar 34 tamb m não descreveram diferen a entre crian as e adolescentes asmáticas e o grupo controle. A qualidade de vida um dos desfechos mais importantes na avalia ão de pacientes com doen a crônica. Em nosso estudo, esse aspecto foi avaliado utilizando-se um questionário gen rico e um questionário específico para crian as e adolescentes com asma. Em rela ão ao instrumento gen rico, a qualidade de vida foi similar entre os grupos quanto à maioria dos domínios, exceto o escore do domínio físico, o qual foi significativamente menor no grupo com asma. Em concordância com os dados descritos por Basaran et al. 35 e Andrade et al., 30 a m dia de escore do questionário específico para asma foi de 5,67 ± 0,23, indicando uma boa qualidade de vida entre as crian as e adolescentes estudados no presente estudo. Limitações do estudo O pequeno tamanho da amostra poderia ser considerado uma limita ão deste estudo. No entanto, mesmo com um pequeno número de participantes, foi possível demonstrar mudan as em variáveis avaliadas por meio da ecocardiografia convencional e tecidual entre crian as e adolescentes com asma em compara ão ao grupo controle. Outra limita ão refere-se à avalia ão da capacidade funcional. O TC6M considerado um teste de exercício submáximo para medida da capacidade física funcional. É possível que as variáveis analisadas em um teste de estresse cardiopulmonar máximo seriam mais sensíveis em detectar diferen as na capacidade funcional entre indivíduos considerados saudáveis e aqueles com asma. Uma terceira limita ão foi a falha em avaliar o padrão de respira ão adotado durante o teste de endurance muscular inspiratória. O registro do fluxo inspiratório permite a avalia ão do tempo inspiratório, tempo expiratório, ciclo total e razão entre tempo inspiratório/ciclo total, uma vez que o desempenho no teste de endurance pode variar dependendo do padrão de respira ão adotado. O mecanismo exato para esclarecer a diferen a na dispneia de esfor o entre indivíduos sadios e aqueles com asma durante o teste de endurance muscular inspiratória precisa ser determinado. Conclusão Pacientes com asma apresentarammudan as significativas nas velocidades diastólicas do miocárdio e o IPM de ambos os ventrículos, mas sem repercussões quanto à capacidade de exercício avaliada pelo TC6M. Outros estudos são necessários para confirmar esses achados e avaliar as implica ões clínicas dessas anormalidades. Agradecimentos EsteestudoteveapoiodaFunda ãoLucasMachado(FELUMA), Faculdade Ciências M dicas-Minas Gerais, Pós‑Gradua ão em Ciências da Saúde e da Clínica Conrad. Camilla R de Paula, aluna de gradua ão, recebeu apoio da Funda ão de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG.), Brasil. Agradecemos à Isabel Cristina Gomes pela assistência na análise estatística. Contribuição dos autores Concepçao e desenho da pesquisa: Rodrigues‑MachadoMG; Obtençao de dados: De-Paula CR, Magalhaes GS, Jentzsch NS, Botelho CF, Murça TM, Ramalho LFC, Bragança Capuruço CA; Analise e interpretaçao dos dados: De-Paula CR, Magalhaes GS, Jentzsch NS, Botelho CF, Mota CCC, Murça TM, Ramalho LFC, TanTC, BragançaCapuruçoCA, Rodrigues‑MachadoMG; Analise estatistica: De-Paula CR, Magalhaes GS, JentzschNS, Murça TM, Ramalho LFC, Bragança CapuruçoCA, Rodrigues‑MachadoMG; Redaçao do manuscrito: De‑Paula CR, Magalhaes GS, Botelho CF, Mota CCC, Tan TC, Bragança Capuruço CA, Rodrigues‑Machado MG; Revisao critica do manuscrito quanto ao conteudo intelectual importante: Mota CCC, Tan TC, Bragança Capuruço CA, Rodrigues‑Machado MG. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Este estudo nao esta associado a nenhum trabalho de tese ou dissertaçao. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade Ciências M dicas - Minas Gerais sob o número de protocolo 14710413.0.0000.5134. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declara ão de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 238

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