ABC | Volume 110, Nº3, Março 2018

Artigo Original Xu et al Associação entre gravidade das lesões coronarianas e DMO Arq Bras Cardiol. 2018; 110(3):211-216 Tabela 1 – Características da população do estudo (n = 122) Idade (anos) 64,31 ± 4,71 Índice de massa corporal (kg/m 2 ) 26,19 ± 2,49 Hipertensão, n (%) 48 (39,3%) Diabetes, n (%) 47 (38,5%) Hiperlipidemia, n (%) 38 (31,1%) Escore T –1,24 ± 1,27 Escore de Gensini 43,46 (17,5; 73) Osteoporose, n (%) 24 (19,6%) Osteopenia, n (%) 51 (41,8%) Osteoporose ou osteopenia, n (%) 75 (61,5%) Variáveis contínuas com distribuição normal são apresentadas em média ± DP, e variáveis com distribuição não normal em mediana e intervalo interquartil (percentis 25 e 75). Dados categóricos são expressos em números absolutos (e porcentagens). Análise estatística As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SPSS versão 17.0 (SPSS Inc., Chicago, IL). As variáveis contínuas com distribui ão normal foram apresentadas em m dia ± desvio padrão (DP), e aquelas com distribui ão não normal em mediana e intervalo interquartil. A normalidade da distribui ão dos diferentes parâmetros foi verificada pelo teste de Kolmogorov‑Smirnov. As diferen as entre os grupos foram avaliadas pelo teste t não pareado ou o teste de Mann- Whitney. As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste do qui‑quadrado ou pelo teste exato de Fisher (o teste exato de Fisher foi usado para frequências de osteoporose na Tabela 2). A associa ão entre DMO e risco para lesões coronarianas graves foi avaliada por análise de regressão logística múltipla. A análise de regressão linear múltipla foi utilizada para avaliar se a DMO foi um fator independente para gravidade das lesões coronárias (avaliada pelo escore de Gensini) emmulheres pós-menopausa. A significância estatística foi estabelecida emp<0,05 (bicaudal). Resultados Um total de 122 mulheres pós-menopausa (idade m dia 64,31 ± 4,71) foram incluídas no estudo, das quais 69,7 apresentaram lesões coronarianas graves. As características clínicas basais de todas as participantes estão resumidas na Tabela 1. De todas as pacientes, 19,6% apresentavam osteoporose no colo do fêmur, e 41,8% osteopenia; 39,3% das mulheres apresentavam pressão arterial elevada, 38,5% diabetes, e 31,1% hiperlipidemia. A Tabela 2 apresenta a compara ão entre o grupo de pacientes com lesões coronarianas leves e o grupo com lesões graves quanto a alguns parâmetros clínicos. Pacientes com lesões coronarianas graves eram mais velhas e apresentaram maior prevalência de diabetes e osteoporose/osteopenia em compara ão a pacientes com lesões coronarianas leves (p < 0,05). Não houve diferen as entre os grupos quanto ao IMC, e à propor ão de pacientes hipertensas e dislipidêmicas. Análise de regressão logística univariada mostrou que a osteoporose/osteopenia era fator de risco para lesões coronarianas graves (OR = 2,51; IC95%, 1,153-5,657; P = 0,003). Ainda, análise de regressão logística multivariada foi usada para detectarmos associa ão entre osteoporose/ osteopenia e risco de lesões coronarianas graves. Após o ajuste para fatores de confusão, incluindo idade, hipertensão, diabetes e hiperlipidemia, a osteoporose/osteopenia manteve‑se como fator de risco para lesões coronarianas graves (OR = 2.73; IC95%; 1,06-6,13; p = 0,007; Tabela 3). Quando o escore de Gensini foi considerado como variável dependente no modelo de regressão linear, o escore T ( β = -0,407; EP = 0,151; p = 0,007) e a idade ( β = 0,295; EP  = 0,132; p = 0,023) foram considerados preditores independentes do escore, o que não foi observado para diabetes, hipertensão, IMC, e hiperlipidemia. Em uma análise de regressão linear com o escore de Gensini como variável dependente, e idade, escore T, diabetes, hipertensão, IMC e hiperlipidemia como variáveis independentes (Tabela 4), somente o escore T ( β = -0,407; EP = 0,151; p = 0,007) e a idade ( β = 0,295, EP = 0,132, p = 0,023) correlacionaram-se com o escore de Gensini. Discussão Em nosso estudo, mulheres pós-menopausa com lesões coronarianas graves estão mais propensas a apresentarem osteopenia/osteoporose em compara ão àquelas com lesões coronarianas leves, independentemente de outros fatores de risco. Esses achados sugerem que mulheres no período pós‑menopausa com osteopenia/osteoporose podem apresentar um risco maior de desenvolverem lesões coronarianas graves. Esses achados estão de acordo com os de estudos pr vios que demonstraram a rela ão entre DMO e DAC e concluíram que a DMO um marcador em potencial da gravidade da DAC. A osteopenia e a AS são problemas s rios de saúde pública que podem amea ar a saúde e a qualidade de vida das pessoas. 14,15 Estudos pr vios demonstraram uma clara rela ão entre AS e DMO. Em um estudo retrospectivo incluindo 1335 pacientes idosos, a incidência de DAC aumentou em pacientes com baixa DMO, em compara ão com pacientes com DMO normal. Análise de regressão logística múltipla confirmou associa ão entre uma baixa DMO e DAC após ajuste para diabetes mellitus, hipertensão, tabagismo, e idade. 16 Outro estudo com 252 mulheres pós-menopausa mostrou que osteopenia/ osteoporose na coluna lombar ou no colo do fêmur associou-se com AS coronariana avaliada por tomografia computadorizada multislice com 64 canais. 17 Nosso estudo pr vio mostrou que outra medida da AS, a calcifica ão da art ria coronariana, esteve associada com DMO da coluna lombar em mulheres sadias no período pós-menopausa. O risco de calcifica ão da art ria coronária em mulheres com osteoporose foi três vezes maior que em mulheres com DMO normal. 11 O escore de Gensini um sistema de pontua ão importante na angiografia, usado para avaliar a extensão, a gravidade, e a complexidade da DAC. Pacientes com DAC e alto escore de Gensini estão mais propensos a relatarem eventos cardíacos adversos importantes. Assim, identificar os pacientes comDAC e altos escores de Gensini fundamental para reduzir deficiências 213

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=