ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo de Revisão Perrier-Melo et al Exercício intervalado em transplantados de coração Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):188-194 Figura 1 – Fluxograma do processo de seleção dos artigos incluídos na revisão sistemática. Número de artigos encontrados nos locais de busca (1064) 994 excluídos por não se relacionarem aos critérios de seleção 70 artigos elegíveis 53 duplicatas 17 estudos selecionados para análise qualitativa 14 excluídos: 3artigos de revisão, 3 estudos de caso e 8 estudos não abordavam o TIAI 3 estudos incluídos Posteriormente, a partir da leitura dos resumos dos estudos, 14 foram excluídos por não se adequarem aos critérios de seleção do estudo. Assim, três artigos foram incluídos para análise final, os quais apresentaram média dos escores referentes a qualidade metodológica de 10 pontos, de acordo com a escala Testex . As principais informações referentes às características da amostra, os procedimentos metodológicos, a análise qualitativa e os principais resultados encontrados nos estudos realizados com pacientes pós TC estão detalhadas em ordem cronológica crescente nas tabelas 2 e 3. Um total de 118 pacientes (90 homens e 28 mulheres), transplantados há 5,3±3,7 anos foram incluídos na análise da revisão sistemática, 60 pertencentes ao grupo TIAI (49,3±12,7 anos) e 58 ao grupo controle (53 ± 14,3 anos), os quais mantiveram suas atividades habituais. As sessões de TIAI foram feitas em cicloergômetros 23,24 e esteiras, 25 atingindo intensidade que variaram entre 80‑100% VO 2 picoou 85-95% FCmáx. Tais estímulos foram realizadosde três a cinco vezes (sessões) semanais ao longo de 8 e 12 semanas de treinamento. Todos os estudos incluídos tiveram a variável VO 2 pico como desfecho principal de análise. Nesse sentido, a Figura 2 apresenta o efeito sumário aumentado [IC 95%: 4,45 (2,15 – 6,75), p = 0,0001, N = 118] da contribuição do TIAI (24,3 ± 6,5 – 28,0 ± 6,7 ml/kg.min; 15%) em relação ao grupo controle (23,8 ± 6,0 - 23,2 ± 5,9 ml/kg.min; -2%) sobre o VO 2 pico. Já para a variável FCpico, a partir da análise comparativa entre os grupos foi possível identificar em dois estudos incluídos na revisão efeito favorável [IC 95%: 0,74 (0,31 – 1,16) p = 0,0007, N = 46] ao grupo TIAI, conforme a Figura 3. Outros resultados reportados pelos estudos que não foram analisados estatisticamente ( forest plot ) demonstraram que o grupo TIAI apresentou efeito positivo sobre a PA (sistólica e diastólica) de repouso e pico, velocidade de fluxo braquial, força muscular máxima (1 RM), manutenção da massa magra e biomarcadores inflamatórios. Alguns desses resultados estão apresentados na Tabela 3. Além disso, nenhum dos estudos relatou a ocorrência de evento e/ou mortalidade cardiovascular associado ao treinamento, mostrando que é uma prática segura a ser incluída nos programas de reabilitação cardíaca. Discussão A presente revisão sistemática commeta-análise é a primeira a analisar o efeito do TIAI sobre alguns parâmetros relacionados à saúde dos pacientes pós TC. De acordo com os três estudos incluídos, foi possível verificar que o TIAI proporcionoumelhora de 15% sobre o VO 2 pico. Tal aumento é superior ao encontrado em duas revisões sistemáticas commeta-análise que avaliaram o efeito de diferentes formas de exercício 26 e do TCMI 27 sobre o VO 2 pico desses pacientes. Apesar de o TIAI proporcionar benefícios em torno do VO 2 pico, muitas vezes o mesmo não é indicado para o público pós TC pelo fato de esses pacientes apresentarem insuficiência cronotrópica desenvolvida a partir da denervação cardíaca. 28 Essa incompetência causa prejuízo na FC de repouso (aumento) e durante (diminuição) a realização de exercícios próximos à intensidade pico (FCpico), diminuindo os valores da reserva cronotrópica. Nesse sentido, de acordo com os estudos analisados na presente revisão, pode-se notar que 8 a 12 semanas de intervenção com TIAI podem causar diminuições nos valores de FC repouso e aumentos na FCpico. Provavelmente os estímulos em alta intensidade (> 80%VO 2 pico ou > 85%FCmáx) causaram melhora na função cardiocirculatória, estimulando mais rapidamente o nó sinusal, o que de fato facilita respostas mais rápidas e melhores sobre a FC de repouso e pico. 29 Mesmo que a literatura apresente um número insuficiente de pesquisas relacionadas ao TIAI e pacientes pós TC, é possível verificar que esse tipo de treinamento possibilita benefícios centrais e periféricos importantes para melhorar o quadro clínico após o procedimento cirúrgico. 30 Além disso, recentes 190

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