ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo Original Bouabdallaoui et al Transplante cardíaco por CMPP Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):181-187 Resultado dos pacientes Durante um acompanhamento médio de 7,7 anos, 16 pacientes morreram, 3 (21,5%) no grupo CMPP e 13 (46,5%) no grupo controle. A mortalidade foi significativamente menor no grupo CMPP (p = 0,03, Figura 1). As causas da morte são mostradas na Tabela 3. As principais causas de mortalidade de um ano após TC foram rejeição, complicações hemorrágicas e infecções; principais causas de mortalidade a longo prazo (> 1 ano) após TC foram rejeição, VAC e infecções. As taxas de rejeição precoce e tardia foram semelhantes nos dois grupos (p = 0,5 e 0,6, respectivamente). As pacientes com CMPP apresentaram incidência semelhante de infecções, incluindo infecções por citomegalovírus (CMV) em comparação com a população de controle (p = 0,07). Duas pacientes do grupo controlemorreramno primeiro ano após transplante por choque séptico e nenhum no grupo CMPP. Mais uma paciente no grupo de controle morreu por choque séptico além do transplante após 1 ano e nenhum no grupo CMPP. As pacientes com CMPP tiveram um risco semelhante de VAC em comparação com o grupo controle (p = 0,4). O estudo patológico de corações explantados não revelou nenhuma lesão específica. Discussão Neste estudo retrospectivo de centro único, avaliamos os resultados pós-transplante em uma população de pacientes transplantados por insuficiência cardíaca grave no cenário de cardiomiopatia periparto. O acompanhamento médio foi de 7,7 anos. Demonstramos em nossa população que a mortalidade pós-transplante é significativamente menor em pacientes transplantadas por CMPP. As pacientes transplantadas por CMPP não mostraram uma taxa significativamente maior de complicações relacionadas ao transplante em comparação com os indivíduos de controle correspondentes para idade e período de transplante. Características pré-transplante Na con f i gu r ação p r é - t r an s p l an t e , u t i l i z amo s significativamente mais inotrópicos no momento da TC em pacientes com CMPP em comparação com os indivíduos controle. A necessidade frequente de suporte cardiovascular médico intensivo em pacientes com CMPP que aguardam transplante cardíaco também foi demonstrada por outros. 13 É importante destacar que alterações celulares potencialmente deletérias relacionadas à Dobutamina foram recentemente apontadas em pacientes com CMPP, 21 e orientações recentes recomendam um uso cauteloso de inotrópicos para pacientes CMPP criticamente doentes. 22 Os dados relacionados à SCM no tratamento de pacientes com CMPP são escassos. 23,24 Parece, no entanto, que a SCM é uma opção para pacientes que se deterioram apesar da terapia máxima, em uma estratégia de ponte para transplante ou para recuperação. 6,22-25 Não há dúvida de que uma grande preocupação no estabelecimento de SCM de longo prazo em pacientes com CMPP se relaciona com um risco possivelmente maior de complicações trombóticas em uma condição protrombótica, como o período periparto. 26 O tratamento médico da IC pode ser considerado não ótimo em nossa população, particularmente entre pacientes com CMPP, pois apenas metade recebeu betabloqueadores e inibidores da ECA. Para destacar, as pacientes subtratadas eram, em ambos os grupos, aquelas que necessitavam de suporte circulatório inotrópico e mecânico. Sete por cento (7%) das pacientes tinham implantação de TRC/DCI. Dados recentes sugerem que TRC é crucial no tratamento de pacientes com CMPP com disfunção sistólica persistente. De fato, foi demonstrada uma recuperação rápida e significativa do VE sob TRC em pacientes com CMPP com disfunção sistólica severa apesar da terapia médica ideal. 27 Tabela 2 – Características pré-transplante no grupo CMPP e indivíduos controle Variável Grupo CMPP (n = 14) Grupo Controle grupo (n = 28) p Idade no transplante, anos 36,7 ± 6,5 38,4 ± 8,5 p = 0,4 Gravidez anterior 100% (n = 14) 50% (n = 14) p = 0,3 Fumante 21% (n = 3) 42.8% (n = 12) p = 0,1 Hipertensão 7% (n = 1) 7% (n = 2) p = 0,7 Betabloqueadores 50% (n = 7) 42,8% (n = 12) p = 0,5 Inibidores de ECA 50% (n = 7) 75% (n = 21) p = 0,6 Tempo na lista de espera, meses 2,4 ± 5 3,8 ± 5 p = 0,1 FEVE (%) 22 ± 8 24 ± 14 p = 0,9 Inotrópicos 64% (n = 9) 28,57% (n = 8) p = 0,03 BIA 7% (n = 1) 7% (n = 2) p = 0,7 ECMO 14% (n = 2) 25% (n = 7) p = 0,5 VAD 14% (n = 2) 7% (n = 2) p = 0,4 CMPP: cardiomiopatia periparto; FEVE: Fração de ejeção do ventrículo esquerdo; VD: ventrículo direito; BIA: balão intra-aórtico de contrapulsação; ECMO (P + C): oxigenação extracorpórea por membrana (periférica + central); VAD: dispositivo de assistência ventricular. (Comparações entre grupos para variáveis contínuas foram realizadas utilizando o teste t de Student ou o teste U de Mann Whitney conforme apropriado). 184

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=