ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo Original Amaral et al Controle autonômico e vascular em pré-hipertensos Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):166-174 Tabela 1 – Características demográficas e clínicas da amostra Variável Normotenso (n = 14) Pré-hipertenso (n = 11) p Sexo masculino n (%) 5 (35,7) 6 (54,5) 0,43 a Filhos de ambos os pais hipertensos n (%) 4 (28,6) 5 (45,5) 0,43 a Idade (anos) 30 ± 6 29 ± 4 0,57 b IMC (kg/m²) 24 ± 4 25 ± 3 0,28 b Circunferência de cintura (cm) 79 ± 11 82 ± 9 0,51 b Glicemia (mg/dl) 83 [80-93] 89 [83-93] 0,23 c Colesterol total (mg/dl) 177,9 ± 39,6 187,3 ± 29,7 0,53 b Triglicérides (mg/dl) 91,5 [57,9-131] 103,5 [63-148] 0,60 c PAS (mmHg) 116 [105-119] 128 [124-132] < 0.01 c PAD (mmHg) 67 [60-71] 75 [71-75] < 0.01 c Índice cardíaco (L/min/m²) 3,3 ± 0,3 3,7 ± 0,6 0,05 b Resistência periférica total (mmHg/L) 15,0 [13,8-16,0] 13,8 [12,4-15,7] 0,15 c Índice de contratilidade cardíaca (mmHg/s) 1113 ± 195 1340 ± 167 < 0,01 b Frequência cardíaca (bpm) 67 [ 63-69] 63 [ 62-76] 0,70 c Frequência respiratória (ipm) 17 ± 2 17 ± 4 1,00 b Dados apresentados como média ± desvio padrão da média ou mediana [intervalo interquartil]; valor absoluto e percentual para sexo masculino; a : Teste exato de Fisher; b : Teste t de Student não pareado; c : Teste U de Mann-Whitney; IMC: índice de massa corpórea; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica. Todas as análises estatísticas foram realizadas pelo software SPSS ® versão 20. A significância estatística adotada foi p ≤0,05. Resultados Dos 25 voluntários analisados, um voluntário normotenso não atendeu aos critérios de aceitabilidade das análises da modulação autonômica cardíaca e periférica e, um voluntário normotenso e dois pré-hipertensos não atenderam a análise da função barorreflexa arterial. A tabela 1 apresenta as características demográficas e clínicas dos grupos avaliados. Além dos exames laboratoriais de glicemia, colesterol total e triglicérides (Tabela 1), 13 voluntários normotensos e nove pré-hipertensos dosaramos níveis séricos de creatinina (0,85 ± 0,21 e 0,94 ± 0,21 mg/dl, respectivamente; p = 0,350) e nove normotensos e sete pré-hipertensos dosaram os níveis séricos de ácido úrico (4,09±1,55 e 4,84±1,12mg/dl, respectivamente; p = 296). Não foram observadas diferenças entre os grupos em nenhuma das variáveis laboratoriais analisadas. A análise da função vascular, mensurada por meio da condutância vascular do antebraço durante repouso e hiperemia reativa está representada na figura 1. A condutância vascular aumentou durante a hiperemia tanto no grupo normotenso (p < 0,01) quanto no pré-hipertenso (p < 0,01). Além disso, apesar de o grupo pré-hipertenso ter apresentado maior condutância vascular do antebraço tanto no repouso (p = 0,05) quanto no pico de hiperemia reativa (p = 0,04), essa diferença entre os grupos tende a ser mais pronunciada durante amanobra de hiperemia reativa (efeito interação: p = 0,05). Os índices da modulação autonômica cardíaca foram semelhantes entre os grupos (Tabela 2). Entretanto, namodulação autonômica periférica, foi observada maior variabilidade (Variância PAS ) e maiores componentes espectrais MBF PAS e BF PAS nos pré-hipertensos em relação aos normotensos (Tabela 2). Adicionalmente, observamos menor ganho do controle barorreflexo nos pré-hipertensos (Ganho BF PAS-iRR ), porém, tempo de retardo BF PAS-iRR semelhante entre os grupos (Figura 2). A tabela 3 apresenta a frequência central, o desvio de fase e a coerência do componente BF da relação PAS-iRR, bem como a frequência central e a coerência dos componentes BF e AF da relação entre a atividade respiratória e o iRR. Discussão O principal achado deste estudo é que a disfunção autonômica periférica precede a possível disfunção vascular em indivíduos pré-hipertensos com HFHAS. Conforme esperado, o grupo pré-hipertenso apresentou maior PAS e PAD. Tendo em vista que os valores pressóricos são determinados pelo débito cardíaco e pela resistência vascular periférica, neste estudo, o aumento do débito cardíaco por meio do aumento do volume sistólico, possivelmente, modulado por maior contratilidade cardíaca, parece estar relacionado à elevação pressórica, uma vez que tanto a frequência cardíaca quanto a resistência vascular periférica foram semelhantes entre os grupos. Resultados semelhantes foram obtidos por Davis et al., 12 os quais também observaram elevação do índice cardíaco e da contratilidade cardíaca, porém resistência periférica semelhante, em indivíduos jovens pré-hipertensos quando comparados aos normotensos. Assim, embora o achado hemodinâmico típico da hipertensão seja a elevação da resistência periférica, a elevação do débito cardíaco parece ser a responsável pela elevação pressórica nas fases iniciais do desenvolvimento da doença. 25 169

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