ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo Original Casali et al Variabilidade da pressão arterial de curto prazo e muito curto prazo Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):157-165 tão confiáveis. Sugerimos que as equações derivadas da medição MAPA-24h para indivíduos não diabéticos seriam úteis para a predição de risco, mas não para pacientes DH. Desconhece-se, no entanto, se este padrão também ocorre em populações formadas apenas por pessoas com hipertensão. O uso da redução da variabilidade da PA como novo alvo a ser explorado em novos ensaios de intervenção relacionados à hipertensão só deve ser considerado após a validação dessa informação. Considerando a alta prevalência de neuropatia autonômica no diabetes 36,37 e as alterações típicas dessa complicação detectadas no grupo DH (diferenças de comportamento circadiano, sensibilidade barorreflexa espontânea mais baixa, variabilidade de FC e menores respostas à manobra de levantar-se da relação LF/HF em comparação aos controles), esta complicação foi atribuída a algumas das diferenças observadas em outros índices entre os grupos. A manobra de ortostatismo ativo é geralmente aplicada para induzir a ativação simpática na avaliação da variabilidade da PA a muito curto prazo e, de fato, induziu a resposta autonômica cardíaca esperada para muitos índices nos controles, mas não para a maioria deles em indivíduos DH. Levando em consideração as características clínicas dos sujeitos DH e tendo em mente que a amostra estudada foi obtida a partir de um centro terciário, muitos pacientes não estavam adequadamente controlados (PA e controle metabólico), indicando um grupo de alto risco. Talvez nessa população de alto risco, a variabilidade encontrada na MAPA-24h ou outros métodos domésticos de avaliação da PA possam não se associar com maior risco cardiovascular além dos valores absolutos de PA sistólica ou diastólica conforme descrito anteriormente. 34,38 Além disso, as diferenças de idade encontradas poderiam, pelo menos parcialmente, superestimar as diferenças entre os grupos e, portanto, configurar uma limitação deste estudo. Conclusões Em resumo, a variabilidade da PA a curto prazo, medida pelo índice de taxa de tempo, desvio padrão ou coeficiente de variação na MAPA-24h, está correlacionada com o componente LF da VPA e delta_LF/HF obtido da MPAD em indivíduos não‑diabéticos. Tais achados devem ser avaliados em outros estudos de coorte adequadamente projetados para esse fim, buscando também relações com desfechos duros. Esta correlação não foi bem estabelecida em indivíduos DH. Alguns índices obtidos a partir da MPAD em sujeitos diabéticos são ferramentas promissoras para o diagnóstico de neuropatia autonômica diabética. Considerando uma referência padrão para o diagnóstico de neuropatia autonômica, esses índices e valores de corte devem ser avaliados em estudos adicionais adequadamente projetados para esse propósito. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa e Análise e interpretação dos dados: Casali KR, Schaan B, Montano N, Massierer D, Neto FMF, Teló G, Ledur PS, Reinheimer M, Sbruzzi G, Gus M; Obtenção de dados: Casali KR, Schaan B, Montano N, Massierer D, TelóG, Ledur PS, Reinheimer M, Sbruzzi G, Gus M; Análise estatística: Casali KR, Neto FMF, TelóG, GusM; Obtenção de financiamento: Schaan B, Gus M; Redação do manuscrito: Casali KR; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Schaan B, Montano N, Massierer D, Neto FMF, Teló G, Ledur PS, Reinheimer M, Sbruzzi G, Gus M. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pelo CNPq e FIPE (Hospital de Clínicas de Porto Alegre). Vinculação acadêmica Não há vinculação deste estudo a programas de pós‑graduação. Aprovação Ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) e Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia, sob o número de protocolo 0469.0.001.000-08 e 4313/09, respectivamente. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. Stauss HM. Identification of blood pressure control mechanisms by power spectral analysis. Clin Exp Pharmacol Physiol. 2007;34(4):362-8. doi: 10.1111/j.1440-1681.2007.04588.x. 2. RibeiroAH,LotufoPA,FujitaA,GoulartAC,ChorD,Mill JG,etal.Association between short-term systolic blood pressure variability and carotid intima- media thickness in ELSA-Brasil baseline. Am J Hypertens. 2017;30(10):954- 960. doi: 10.1093/ajh/hpx076. 3. Frattola A, Parati G, Cuspidi C, Albini F, Mancia G. Prognostic value of 24-hour blood pressure variability. J Hypertens. 1993;11(10):1133-7. PMID: 8258679. 4. Parati G, Pomidossi G, Albini F, Malaspina D, Mancia G. Relationship of 24- hour blood pressuremean and variability to severity of target-organ damage in hypertension. J Hypertens. 1987;5(1):93-8. PMID: 3584967. 5. Parati G, Casadei R, Groppelli A, Di Rienzo M, Mancia G. Comparison of finger and intra-arterial blood pressure monitoring at rest and during laboratory testing. Hypertension. 1989;13(6 Pt 1):647-55. PMID: 2500393. 6. Parati G, Ochoa JE, Salvi P, Lombardi C, Bilo G. Prognostic value of blood pressure variability and average blood pressure levels in patients with hypertension and diabetes. Diabetes Care. 2013;36 Suppl 2:S312-24. doi: 10.2337/dcS13-2043. Referências 164

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