ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo Original Leiria et al Anticoagulantes ininterruptos e ablação de flutter Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):151-156 Tabela 1 – Diferença entre as populações que receberam antagonistas da vitamina K e as que receberam anticoagulantes orais não antagonistas da vitamina K de forma ininterrupta para ablação de flutter atrial Fator NOAC (n = 65) AVK (n = 89) Valor de p História prévia de FA 23 (35,4%) 28 (31,5%) 0,77 Idade (anos) 58,1 ± 11,7 56,8 ± 14,1 0,55 Gênero (masculino) 45 (69,2%) 63 (70,8%) 0,97 Ritmo basal sinusal 33 (50,8%) 28 (31,4%) 0,02 FEVE (%) 59,6 ± 12,3 58,0 ± 16,6 0,57 AE (mm) 44,3 ± 6,2 47,7 ± 7,7 0,01 CHA 2 DS 2 VASc ≥ 2 64,6% 61,8% 0,852 – HAS 59,4% 73,0% 0,07 – DM 20,6% 20,2% 0,95 – AVC 9,5% 3,4% 0,113 Beta-bloqueadores 55,4% 79,8% 0,002 Bloqueadores do canal de cálcio 10,8% 13,5% 0,79 iECA/BRA 44,6% 55,1% 0,26 Diuréticos 29,2% 41,6% 0,16 Digoxina 12,9% 14,9% 0,90 Estatinas 27,7% 44,9% 0,04 AAS 15,4% 28,1% 0,09 Antiarrítmicos 55,4% 33,7% 0,01 Cirurgia cardíaca prévia 7,7% 38,6% < 0,001 – Valvar 0,0% 22,7% 0,0001 Cardiopatia isquêmica 10,8% 19,3% 0,22 Cardiopatia congênita 9,2% 9,1% 0,79 Miocardiopatia 10,8% 19,3% 0,22 DPOC 3,0% 7,9% 0,36 NOAC: anticoagulantes orais não antagonistas da vitamina K; AVK: anticoagulantes antagonistas da vitamina K; FA: fibrilação atrial; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; CHA2DS2VASc: acrômio do escore de risco para AVC (congestive heart failure, hypertension, age, diabetes, stroke, vascular disease, and female gender); HAS: hipertensão arterial sistêmica; DM: diabete mellitus; AVC: acidente vascular cerebral; iECA/BRA: inibidores da enzima conversora do angiotensinogênio/bloqueadores do receptor da angiotensina; AAS: ácido acetilsalicílico; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica. Valor do p expressa a diferença do teste t de Student para variáveis contínuas e do teste do χ 2 nas variáveis categóricas. O nível de significância estatística adotado foi de 5%. e estatinas, tendo menor prevalência de cirúrgica cardíaca prévia quando comparados com os pacientes em uso de AVK. A Tabela 1 demonstra as características clínicas dos pacientes estratificados pelo tipo de anticoagulante em uso. A Tabela 2 exemplifica a frequência de uso dos diferentes tipos de NOACs e AVKs utilizados no estudo. A taxa de complicação hemorrágica relacionada ao procedimento foi de 3% em cada grupo (p = 0,97). Não houve nenhum caso de tamponamento cardíaco ou complicação hemorrágica maior nos pacientes do estudo. As principais complicações relacionadas ao procedimento foram hematomas em região inguinal. A taxa de AVC/AIT foi de 57/1.000-pessoas-ano no grupo AVK contra zero/1.000- pessoas-ano no grupo NOAC (p = 0,02). Discussão Nossoestudodemonstraa segurançadousodeanticoagulantes orais (AVKs ouNOACs) no período periprocedimento da ablação por radiofrequência de FLA típico. O uso de anticoagulação periprocedimento baseia-se no achado frequente de trombos atriais ou de contraste ecogênico espontâneo no ecocardiograma transesofágico. 11 Os estudos a respeito da anticoagulação oral nesses pacientes, no entanto, são escassos, e não há recomendações claras nas diretrizes a respeito do manejo da anticoagulação periprocedimento para ablação de FLA. 8,12-14 Um estudo retrospectivo de 254 pacientes, comparando varfarina e dabigatrana periprocedimento de ablação de FLA e FA, demonstrou resultados semelhantes aos de nossa coorte, com baixas taxas de complicações tromboembólicas e hemorrágicas. No entanto, os autores não explicitam o número de pacientes com FLA incluídos no estudo. 12 Um segundo estudo retrospectivo com 60 pacientes que utilizaram dabigatrana ou rivaroxabana no período periprocedimento de ablação de FLA demonstrou baixa incidência de complicações hemorrágicas, com4 sangramentos menores (3 dos 23 pacientes em uso de dabigatrana 150 mg 154

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