ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo Original Gripp et al Acurácia do strain longitudinal global para cardiotoxicidade Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):140-150 IMC foram excluídos do nosso estudo, que poderiam ser considerados pacientes com maior risco de cardiotoxicidade, limitando a taxa de incidência. Definição de cardiotoxicidade A definição de cardiotoxicidade é uma questão fundamental a ser mencionada, pois não há uma uniformidade nos estudos, dificultando a avaliação da real incidência do evento. A incidência de cardiotoxicidade em uma revisão sistemática publicada em 2014 variou entre 13% e 32%. 15 Estudos publicados por Sawaya et al., 16 e Baratta et al., 17 encontraram uma incidência em torno de 20%, utilizando o mesmo critério do comitê do trastuzumab. Em nosso estudo, a incidência encontrada foi de 10%, inferior à descrita nos trabalhos acima. Isso poderia ser explicado pelo baixo perfil de morbidade de nossa população e composta apenas por pacientes com câncer de mama, com protocolos semelhantes de tratamento. No trabalho do Baratta et al., 17 se calcularmos a incidência de cardiotoxicidade apenas entre pacientes com câncer de mama, encontramos uma taxa de 12%, semelhante à observada em nossa população. Características da população que evoluiu com cardiotoxicidade Em nosso estudo, não encontramos associação de risco estatisticamente significativa entre variáveis clínicas e antropométricas, tipo histológico do tumor e tratamento instituído compresença de cardiotoxicidade. Entretanto, algumas variáveis apresentavam informações com relevância clínica. A primeira a ser mencionada foi a idade, que era maior no grupo que desenvolveu cardiotoxicidade (média de 56 anos versus 49 anos, no grupo sem cardiotoxicidade), o que poderia levar a um risco maior de evento segundo os dados da literatura. Outra variável interessante, as doses totais de antracíclico e trastuzumab, que foram menores no grupo com cardiotoxicidade, justificadas provavelmente pela suspensão ou redução da dose damedicação pelo serviço de oncologiamediante a informação de queda da FE. Tabela 2 – Características basais dos pacientes tratados com antracíclicos e trastuzumab - Associação com cardiotoxicidade Variável Cardiotoxicidade p Sim Não n = 5 n = 44 Idade (anos) * ll 56,4 ± 9,50 48,9 ± 12,30 0,60 Peso (kg) * ll 65,8 ± 10,80 67,9 ± 12,90 0,78 Altura (m) * ll 1,58 ± 0,07 1,57 ± 0,08 0,80 ASC (m 2 ) * ll 1,63 ± 0,17  1,66 ± 1,17 0,80 IMC (kg/m 2 ) †§ 27,3 (22,9-29,2) 26 (23,7-30,4) 0,94 HAS ‡ 2 (40%) 14 (31,8%) 0,53 Raça Branca ‡ 4 (80%) 27 (61,4%) 0,39 Raça Parda ‡ 1 (20%) 17 (38,6%) DM tipo II ‡ 1 (20%) 1 (2,3%) 0,20 AAS ‡ 1 (20%) 1 (2,3%) 0.20 Diurético ‡ 2 (40%) 12 (27,3%) 0,45 Estatina ‡ 0 3 (6,8%) 0, 72 PAS (mmHg) ‡ ll 128 ± 23,9 124,8 ± 16,9 0,30 PAD (mmHg) ‡ ll 72 ± 13,0 75 ± 12,0 0,88 FC (bpm) ‡ ll 78,4 ± 8,3 77,1 ± 10,4 0,78 Carcinoma ductal infiltrante ‡ 3 (60%) 31 (71%) Carcinoma lobular ‡ 2 (40%) 5 (11,4%) 0,17 Outros tipos ‡ 0 8 (18,2%) Esquema FEC ‡ 4 (80%) 27 (61,4%) 0,64 Esquema AC ‡ 1 (20%) 17 (38,6%) Radioterapia ‡ 4 (80%) 22 (50%) 0,35 Dose total trastuzumab (mg/m 2 ) * ll 4257 ± 1899 6692 ± 2352 0,24 Dose total antracíclico (dose equivalente mg/m 2 ) † ll 480 (402-720) 600 (525-795) 0,17 * Média (desvio-padrão) † Mediana (Percentil 25-75) ‡ N (%); ASC: área da superfície corporal; IMC: índice de massa corpórea; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DM: diabetes mellitus;AAS: ácido acetilsalicílico; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; FC: frequência cardíaca; FEC: 5-Fluoracil + Epirrubicina + Ciclofosfamida; AC: Doxorrubicina + Ciclofosfamida. As variáveis categóricas foram comparadas por teste do qui-quadrado ‡ , com valor de p ≤0,05.As variáveis contínuas foram comparadas por teste U de Mann Whitney § ou Teste t de Student ll , com valor de p ≤ 0,05. 145

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=