ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo Original Ferreira et al Método alternativo para o cálculo da EOA proj simplificada Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):132-139 Este estudo teve como objetivo avaliar o quanto a AEO proj calculada pelo método alternativo para estimar a taxa de fluxo difere-se da AEO proj calculada pela fórmula padrão. O método de Bland-Altman foi usado para avaliar a concordância entre os dois métodos. Conforme publicado previamente, a correlação de Pearson e a análise de regressão linear podem levar a resultados errôneos, uma vez que os dados que parecem estar embaixa concordância (por exemplo, uma mudança na escala de medida) podem estar fortemente correlacionados. 6,9 Ométodo de Bland-Altman avalia o quanto os métodos são concordantes na média (estimando-se a média das diferenças para os indivíduos – viés sistemático) e o quanto as medidas são concordantes para os indivíduos (examinando a variabilidade das diferenças e o cálculo dos limites de concordância que quantificam o intervalo de valores esperado para cobrir a concordância para a maioria dos indivíduos). 10 Usando o método de Bland-Altman, encontramos um viés sistemático de 0,037cm 2 (95% CI 0,004 – 0,066), indicando que, na média, o método alternativo superestima a AEO proj em 0,037 cm 2 comparado ao método clássico. Apesar de ser estatisticamente significativo, esse viés não é clinicamente significativo, por ser menor que 0,1 cm 2 . Ainda, os limites de 95% de concordância são muito estreitos (de -0,04 cm 2 a 0,12 cm 2 ), o que significa que, para 95% dos indivíduos, a AEO proj calculada pelo método alternativo estaria entre 0,04 cm 2 menos e 0,12 cm 2 mais que a AEO proj calculada pela equação clássica. Essa estreita faixa corresponde às maiores diferenças prováveis entre os dois métodos, e não compromete a concordância clínica entre os dois métodos. Portanto, é razoável reconhecer a intercambialidade dos dois métodos de cálculo da AEO proj na prática clínica. Conclusão Este estudo apresentou um novo método para calcular a AEO simplificada da válvula aórtica à taxa de fluxo normal, usando uma equação menos complexa para estimar a taxa de fluxo, e testou a concordância desse novo método com o previamente apresentado por Blais et al. 4 O viés e os limites de 95% de concordância do novo método são estreitos e não são clinicamente relevantes, apoiando a possibilidade de se utilizar igualmente os dois métodos na prática clínica. Uma vez que o novo método requer medidas adicionais, seria mais fácil implementá-lo na prática clínica, promovendo um aumento no uso da AEO proj – um parâmetro ecocardiográfico valioso na avaliação da EA BFBG. Limitações Este é um estudo retrospectivo pequeno, unicêntrico, e inerentemente sem poder o suficiente para avaliar pequenas diferenças nas variáveis ecocardiográficas entre os grupos. Um número maior de pacientes é necessário para investigar as discrepâncias potenciais no desempenho de ambos os métodos de cálculo da AEO proj nos diferentes subgrupos de pacientes com EA BFBG. Portanto, os resultados apresentados aqui devem ser interpretados com cautela. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Ferreira JSSM, Moreira N, Ferreira R, Martins R; Obtenção de dados: Ferreira JSSM, Moreira N, Mendes S; Análise e interpretação dos dados:Ferreira JSSM, Moreira N, Ferreira R, Martins R, Ferreira MJ; Análise estatística: Ferreira JSSM, Ferreira R; Redação do manuscrito:Ferreira JSSM, Moreira N, Ferreira R, Mendes S, Martins R; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Ferreira JSSM, Moreira N, Ferreira R, Mendes S, Martins R, Ferreira MJ, Pego M. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Nãohá vinculaçãodesteestudoaprogramas depós-graduação. Aprovação Ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra sob o número de protocolo CE-016/2017. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. Nishimura RA, Otto CM, Bonow RO, Carabello BA, Erwin JP 3rd, Guyton RA, et al; ACC/AHA Task Force Members. 2014 AHA/ACC Guideline for the Management of Patients With Valvular Heart Disease: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2014;129(23):e521- 643. doi: 10.1161/CIR.0000000000000031. Erratum in: Circulation. 2014;130(13):e120. 2. Awtry E, Davidoff R. Low-flow/low-gradient aortic stenosis. Circulation. 2011;124(23):e739-41. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.111.075853. 3. Garnier F, Eicher JC, Jazayeri S, Bertaux G, Bouchot O, Aho LS, et al. Usefulness and limitations of contractile reserve evaluation in patients with low-flow, low-gradient aortic stenosis eligible for cardiac resynchronization therapy. Eur J Heart Fail. 2014;16(6):648-54. doi: 10.1002/ejhf.78. 4. Blais C, Burwash IG, Mundigler G, Dumesnil JG, Loho N, Rader F, et al. Projected valve area at normal flow rate improves the assessment of stenosis severity inpatientswith low-flow, low-gradientaorticstenosis:themulticenter TOPAS (Truly or Pseudo-Severe Aortic Stenosis) study. Circulation. 2006;113(5):711-21. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.105.557678. Referências 138

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