ABC | Volume 110, Nº2, Fevereiro 2018

Artigo Original Soeiro et al TSH versus SCA Arq Bras Cardiol. 2018; 110(2):113-118 Tabela 2 – Comparação dos resultados da an lise multivariada dos desfechos intra-hospitalares nos grupos I e II TSH ≤ 4 mIU/L TSH > 4 mIU/L OR IC 95% p Reinfarto 1,3% 0% 0,2 0,11 – 3,45 0,37 Choque cardiogênico 6,1% 13,6% 1,72 1,25 – 4,68 0,029 Sangramento 6,5% 15,3% 3,36 1,31 – 8,65 0,012 Acidente vascular encefálico 0,9% 0% 0,9 0,15 – 9,32 0,9 Mortalidade 3,1% 8,5% 2,32 0,63 – 8,48 0,2 ECAM 17,9% 37,4% 3,05 1,43 – 6,42 0,004 IC: intervalo de confiança; ECAM: eventos cardíacos adversos maiores; TSH: hormônio tireoestimulante. Em 2005, Walsh et al., 18 estudaram a relação entre hormônio tireoidiano e eventos cardiovasculares em 1981 indivíduos saudáveis na Austrália. Em um estudo transversal, aqueles autores examinaram a prevalência de doença coronariana em indivíduos com e sem disfunção tireoidiana subclínica. Em um estudo longitudinal, examinaram o risco de mortalidade cardiovascular e doença coronariana (fatal e não fatal). Os indivíduos com hipotireoidismo subclínico (n = 119) apresentaram prevalência significativamente mais alta de doença coronariana do que indivíduos eutireoideos (OR= 1,8; IC95%: 1,0 - 3,1; p = 0,04). Na análise longitudinal dos indivíduos com hipotireoidismo subclínico, observaram-se 33 eventos de doença coronariana em comparação aos 14,7 esperados (HR = 1,7; IC95%: 1,2 – 2,4; p = 0,01). 18 Em 2005, um outro estudo1 investigou se os níveis de hormônio tireoidiano tinham valor preditivo para mortalidade em pacientes que chegavam ao setor de emergência com IAM. Três grupos de pacientes foram admitidos naquele setor num período de 11 meses: 95 pacientes com dor precordial e diagnóstico de IAM; 26 pacientes comdor precordial e sem IAM; e 114 controles sem evidência de qualquer doença importante. As enzimas cardíacas e hormônios tireoidianos foram analisados e comparados entre os grupos para avaliar os efeitos dos fatores históricos e demográficos. Durante o estudo, 16 pacientes com IAM (16,8%) morreram. Os níveis de troponina e creatina quinase tipo M eram significativamente mais altos entre aqueles que não sobreviveram em comparação aos sobreviventes. No grupo de IAM, os sobreviventes apresentavam níveis mais altos de triiodotironina e tiroxina total e mais baixos de tiroxina livre, enquanto aqueles que não sobreviveram tinham níveis mais altos de TSH e mais baixos de triiodotironina, tiroxina total e tiroxina livre do que os controles. Na regressão logística, os níveis de TSH não diferiram significativamente entre sobreviventes e não sobreviventes (1,08 mUI/L vs. 1,84 mUI/L, p = 0,1). Concluiu‑se que triiodotironina e níveis baixos de tiroxina livre parecem ser fatores prognósticos independentes em pacientes com IAM.1 O nosso estudo mostrou uma tendência a níveis mais altos de troponina e TSH. Entretanto, até agora a correlação não foi significativa. Diferenças podem aparecer em uma amostra maior. Por outro lado, em 2014, Kim et al., 19 revisaram retrospectivamente a relação entre os níveis de hormônio tireoidiano e a gravidade do IAM em 40 pacientes com IMCSST, sendo a extensão do envolvimento transmural avaliada através de ressonância magnética cardíaca com realce tardio. O grupo com nível alto de triiodotironina Figura 1 – Classificação da síndrome coronariana aguda de acordo com os níveis de TSH. IMSSST: infarto do miocardio sem supradesnivelamento do segmento ST; IMCSST: infarto do mioc rdio com supradesnivelamento do segmento ST; TSH: hormônio tireoestimulante. 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 90% TSH ≤ 4 mUI/L TSH > 4 mUI/L IMSSST IMCSST 82% 18% 76% 24% 116

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