ABC | Volume 110, Nº1, Janeiro 2018

Artigo Original Paixão et al Correlação do ECG com RM na cardiomiopatia hipertrófica Arq Bras Cardiol. 2018; 110(1):52-59 Resultados Setenta pacientes foram analisados, sendo 55,9% do sexo feminino e 44,1% do masculino . A idade média foi 51,3 anos e variou de 20 a 81 anos. Dos seis padrões de localização de hipertrofia, somente foram encontrados três tipos: apical (10%), concêntrica (21%) e septal (69%). (Figura 3) A maioria dos pacientes (81,4%) possuía realce tardio à ressonância magnética, sendo que a totalidade dos pacientes com hipertrofia concêntrica apresentou fibrose. Na quantificação da massa de fibrose em relação à localização da hipertrofia, a média foi superior (57,1 g) na hipertrofia concêntrica, quando comparada às demais localizações (p = 0,001). (Tabela 1, Figura 4) A presença concomitante de hipertrofia de ventrículo direito pela ressonância magnética foi encontrada em 35,7% dos pacientes com hipertrofia concêntrica, apresentando significância estatística (p = 0,0447) em relação às hipertrofias septal e apical. A hipertrofia apical apresentou maior frequência de fibrilação atrial (14,3%) e eixo cardíaco preservado em 100% dos casos, porém esses achados não foram significativos (p = 0,7964, p = 0,6730, respectivamente). Em relação às sobrecargas ventriculares, houve maior prevalência tanto de sobrecarga ventricular esquerda (71,4%) como direita (21,4%) na hipertrofia concêntrica, sem significância estatística (p = 0,1883, p = 0,2117, respectivamente). O padrão strain apresentou significância estatística entre os grupos de hipertrofia (p < 0,0001), estando presente em 100% dos casos de hipertrofia apical e 71,4%de hipertrofia concêntrica. A sobrecarga atrial esquerda foi mais frequente na hipertrofia apical (42,9%), mas sem relação estatística significativa (p = 0,4082). Por outro lado, a sobrecarga atrial direita foi rara, ocorrendo somente em dois pacientes com hipertrofia septal. Os bloqueios intraventriculares (bloqueio de ramo esquerdo, bloqueio de ramo direito e bloqueio divisional anterossuperior esquerdo) foram infrequentes nos três tipos de hipertrofia, sem diferença estatística entre os grupos. (Tabela 2, Figura 5) A análise do tamanho da onda R na derivação DI mostrou maior média (15,6 mm) na hipertrofia concêntrica e menor na septal (10 mm), com diferença significativa entre os três grupos (p = 0,0280). Já na derivação V1, a onda R não apresentou diferença em seu tamanho (p = 0,9563). A hipertrofia apical mostrou maior amplitude da onda R nas derivações V5 e V6, com médias de 26,9 mm e 26 mm, respectivamente, em comparação a hipertrofias septal e concêntrica, com significância estatística (p = 0,0391, p = 0,0148, respectivamente). No que diz respeito à repolarização ventricular, a hipertrofia apical correlacionou-se comamaior negatividade de onda T em DI (-3,8 mm), V5 (-10,2 mm) e V6 (-7,9 mm), com significância estatística nas três derivações (p < 0,001). (Tabela 3) Discussão A análise do perfil dos portadores de CMH mostrou predomínio discreto do sexo feminino (55,9%), o que difere do relatado em outros estudos. 2 A distribuição da hipertrofia miocárdica encontrada no estudo pela ressonância magnética mostrou predomínio da localização septal com 69% dos casos, seguida por 21% concêntrica e 10% apical, sendo semelhante à descrita na literatura. 9 Os acometimentos médio-ventricular e lateral são raros, com prevalência de 1% a 2% dos casos, não tendo sido identificados neste estudo. 10 A presença de realce tardio pela ressonância cardíaca confere pior prognóstico ao paciente com CMH. Moon JC et al., 11 em um estudo prospectivo com 53 pacientes com CMH submetidos a ressonância magnética com gadolíneo, concluíram que a presença de fibrose está relacionada com ocorrência de arritmias ventriculares, dilatação ventricular e morte súbita. Observou-se que a hipertrofia concêntrica possui maior massa de fibrose em relação aos outros tipos de hipertrofia. A amplitude da onda R em DI foi maior na hipertrofia concêntrica, detectando um possível padrão eletrocardiográfico correlacionado a essa localização. Figura 3 – Distribuição dos pacientes quanto à hipertrofia. Concêntrica 14 21% Apical 7 10% Septal 47 69% 55

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=