Resumo
RIVERA, I.R.
Estudo ecocardiográfico do fluxo venoso pulmonar nas cardiopatias
congênitas com hiperfluxo pulmonar: estudo comparativo antes
e após inalação de oxigênio a 100%. São Paulo, 2001. Tese
(Doutorado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal
do Estado de São Paulo.
Não existem no
momento parâmetros ecocardiográficos que permitam quantificar
a resistência vascular pulmonar (RVP) e ainda estabelecer,
em crianças com doença cardíaca congênita e hiperfluxo pulmonar,
diferenças entre estados de doença vascular pulmonar com hiper-resistência
fixa daqueles hiper-reativos, originados por aumento do tono
vaso-motor. De forma invasiva, a inalação de oxigênio a 100%
na sala de hemodinâmica é um procedimento freqüentemente utilizado
com esta finalidade.
O objetivo principal deste estudo foi analisar a relação entre
a variação de parâmetros do fluxo venoso pulmonar obtido por
ecocardiograma transtorácico com a variação da RVP, após inalação
de oxigênio, em pacientes com doença cardíaca congênita e
hiperfluxo pulmonar.
Foram estudados 18 pacientes, dez do sexo feminino, com idade
variando entre 4 meses a 22 anos, com cardiopatia de hiperfluxo
pulmonar. Todos os pacientes foram submetidos a cateterização
completa onde foram analisadas a RVP, bem como a relação Qp/Qs
antes e após inalação de oxigênio a 100%. Foram simultâneamente
avaliadas mediante Doppler e ecocardiograma bidimensional,
a integral de fluxo e velocidade da veia pulmonar inferior
esquerda (VTIvp) e a relação Qp/Qs obtida na via de saída
dos ventrículos.
Não houve variação significante nas variáveis clínicas analisadas.
No cateterismo, a RVP apresentou diminuição significante quando
comparados os dados antes e após a inalação de oxigênio (p=0,0001)
com aumento significante da relação Qp/Qs (p=0,0008). No ecocardiograma,
a VTIvp apresentou aumento significante após inalação de oxigênio
(p=0,0002), com aumento não significante da relação Qp/Qs
(p=0,16). A correlação entre a VTIvp obtida pelo ecocardiograma
e a relação Qp/Qs ou da RVP obtidas pelo catetersimo foi de
–0,74 e 0,74 respectivamente. Houve 83,3% de concordância
entre a diminuição da RVP no cateterismo e o aumento da VTIvp
no Doppler antes e após a administração de oxigênio, com sensibilidade
de 85,7%, especificidade de 75,0%, valor preditivo positivo
de 92,3% e valor preditivo negativo de 60,0%.
Conclui-se que as variações da VTIvp obtidas mediante Doppler
na sala de cateterismo foram relacionadas à queda da RVP neste
grupo de crianças e adolescentes com doença cardíaca congênita.
A medida da VTIvp antes e após a inalação de oxigênio pode
ser um teste útil na avaliação de crianças com cardiopatia
de hiperfluxo pulmonar e aumento da RVP no exame ecocardiográfico
transtorácico de rotina. |